Reproduzindo a entrevista de Barrichello à Autosport, em que aposta em sua própria recuperação no campeonato. As palavras em itálico são por minha conta.
"Sim, há um pouco de decepção com essas coisas. Eu deveria ter vencido uma corrida, mas, depois de tantos anos, 'deveria' e 'se' são termos que não existem mais".
"Eu sonho em ser campeão. As pessoas podem dizer que ele é louco, porque o seu companheiro de equipe já venceu cinco corridas, mas estou com sorte porque o campeonato não é decidido por vitórias, então eu teria que dizer que o título é dele".
"É uma disputa saudável e espero que Rubens fique melhor sempre. E assim que ele é. Nas primeiras quatro corridas, o equilíbrio do carro favoreceu Jenson. E, com o novo pacote, voltei à briga um pouco. Uma decisão estranha em Barcelona me custou a pole e daí houve aquele problema de pit stops".
Vou interromper a transcrição por aqui, por maior que seja a curiosidade do leitor em descobrir os inéditos comentários de Rubens sobre passado infeliz e futuro glorioso.
O objetivo aqui não é exatamente explorar o conteúdo da entrevista, mas sim buscar explicações para o fato de o piloto não se decidir se fala de si em primeira ou em terceira pessoa.
De uns tempos para cá, convivendo com a proximidade do fim da carreira e certos desafios, Rubinho passou a fazer auto-referências como se falasse de um outro piloto. É como se criasse um clone imaginário e assistisse de fora à sua trajetória, com bastante empatia em relação ao seu personagem-herói.
Rubens se tornou o fã número 1 de Barrichello.
Não sou psicólogo nem nunca serei. Talvez por isso creio que não possa ajudá-lo. Também não arrisco muitos palpites para explicar o que se passa na cabeça do brasileiro que em outros tempos recorreu aos livros de auto-ajuda. Se alguém tiver alguma teoria a respeito, o espaço está aberto.
De maneira mais geral, vou citar dois comentários interessantes que já ouvi sobre a instabilidade psicológica de Barrichello.
Uma vez, numa edição da Rádio OnBoard, meu amigo Fábio Campos comentou uma entrevista do Rubinho, na qual ele alegava mais problemas do que um carro poderia ter. Segundo Fábio, esse costumeiro excesso de desculpas não serve para nos convencer. Serve para o próprio Rubens se convencer de que aqueles fatores realmente lhe impediram de alcançar seu objetivo. Ou seja, ele confortavelmente isenta suas limitações da responsabilidade pela derrota.
Outro exemplo, mais recente, vi na TV. Nos instantes finais de seu programa, Reginaldo Leme, que é bastante próximo a Rubens, como sabemos, revelou o quanto o piloto da Brawn se sente influenciado mentalmente e negativamente com qualquer crítica que venha a receber. O comentarista completou dizendo que se identifica com essa condição: "Eu também sou assim. Eu não posso ouvir uma opinião contrária que já desabo".
Grandes profissionais podem sofrer muito se não souberem manter o pé no chão e a cabeça no lugar quando se deparam com uma surpresa na contramão. A diferença entre um piloto de F-1 e um especialista automobilístico é que o piloto lida com a pressão a 300km/h. Dotado de uma mente relativamente volúvel, certamente é menos difícil ser um jornalista top de linha do que um piloto campeão mundial.
Mas se sonhar é de graça, Rubinho pode.
4 comentários:
isso ahi mais do que um mecanismo de defesa, parece um método de autosuperação. a autoconfiaza é na verdade um mito, a gente está sempre lutando contra a auto-desconfianza, melhor conhecida como instinto de sobrevivência. e se converter em um clone dá a sensação de imparcialidade ao admirar a própia carrera.
bom truque, e muito mais efetivo do que exagerar o estado do carro.
o que fica claro é que Rubens tem como maior problema o excesso de autodesconfiaça de Barrichello
Eu não recrimino o Rubinho por continuar sonhando.
Ele está no papel dele, não pode desistir tão facilmente.
Quem sabe um dia...
Das duas uma:
Ou ele inventou um escudo para se proteger dos ataques e começou a falar de si na terceira pessoa ou é bi polar.
Agora, Rubens é o fã numero dois de Barrichello
Fica atrás da própria mãe, que sem duvida é a primeira.
Só pra não perder o costume de ser o segundão.
Blog perseguição! Está ficando chato acompanhar esse blog! Talvez uma autoanálise seria de bom tento, já que, até à psicologia está recorrendo para refazer a essas criticas chatas! Tenha paciencia.
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