Alguns se perguntam se um escândalo desse tipo mancharia a imagem da Fórmula 1. Ora, se manchasse, então seria mais fácil a FIA abafar o caso, ao invés de expor e julgar os envolvidos. A categoria é dotada de uma blindagem admirável; o fato de haver uma investigação mostra que a entidade que a rege é séria e não permite certos abusos dentro e fora das pistas.
Já deixei claro que não enxergo esta batida premeditada como a coisa mais grave já vista na F-1. Para mim, não foi nem mesmo a pior sandice de Flavio Briatore. Mas vêm de Eddie Irvine as melhores palavras para expressar que o caso de Cingapura foi apenas "mais um" na história.
"A F-1 sempre foi uma guerra. E, na guerra, tudo é justo. Quando eu corria, fazíamos de tudo para vencer. Naqueles dias, era algo normal. Isso é provavelmente a pior coisa das trapaças, mas no passado todas as equipes fizeram tudo que podiam para vencer: mentir, burlar as regras, sabotar oponentes. A Fórmula 1 sempre foi assim, não é um esporte puro".
O irlandês disse que toda essa movimentação criada em torno do pseudo-acidente nada mais é do que uma "cruzada" entre gente grande da categoria.
Essa é a mais absoluta verdade.
Nós levamos 1 ano para descobrir que Nelsinho abandonou a prova de propósito; poderíamos nunca ter descoberto. Pense em quantos casos maiores, menores ou de semelhante natureza ocorreram na história e nós jamais ficaremos sabendo.
O momento atual não mostra novidade em termos de mau caratismo. O novo reside no avanço da onda politicamente correta abraçada por pessoas comuns, associada ao crescimento da imprensa, que faz um estardalhaço tão grande que pode sujar marcas e assustar patrocinadores, ampliando os riscos de se adotar manobras como essas.
Na F-1, a trapaça não é crime, é lei. Só vira crime quando você é pego. E olhe lá.
5 comentários:
Concordo com o Irvine e com você. Mas o fato de o caso do Nelsinho ter vindo à tona faz com que este seja, de fato, a pior polêmica da F-1.
O curioso é que, em função dessa "guerra de gente grande" de Mosley contra seus desafetos, nos últimos três anos fomos "premiados" com polêmicas incríveis, jamais expostas antes na F-1.
É a "vendetta" camuflada de moralismo. Mas que, no fundo, é boa para o esporte.
Hugo, considerando as que vieram à tona, acho que nem precisamos ir muito longe: para mim, a espionagem de 2007 foi bem pior que essa batida de Cingapura. Na minha opinião, claro.
Abs
Nem me lembro onde li, mas concordo com a frase que dizia: prefiro um esporte que investiga suas falcatruas do que um que finge que elas nao existem.
E a F1 reza pela cartilha de Paulo Miklos que diz que a paz é inutil para nós.
Eu disse isso uma vez, acho que foi aqui mesmo: quantas vezes a linha da ética foi rompida na F-1 sem que ninguém tenha se dado conta?
Eis uma resposta que simplesmente não existe.
BRUNO FLÁVIO disse:
Penso que a maior falcatrua não é determinada pelo ato em si, mas pelas consequências do ato.
Bater propositalmente no adversário, "estacionar" o carro no meio da pista de Mônaco, ficar parado no pit-stop enquanto o adversário espera atrás, espionagem, burlar sorrateiramente regras técnicas do campeonato, pedir retardatário para segurar o adversário, mandar o líder ceder a posição para o 2o colocado, bater de propósito, enfim qualquer marmeladinha ou marmeladona assume proporções diferentes dependendo do que está em jogo.
A batida do pequeno Piquet resultou em um vitória para o Alonso. A "estacionada" do Schummy lhe renderia uma pole em Mônaco. O Pit "demorado" do Alonso lhe renderia largar na frente do Hamilton, o Rubinho deixar o Schummy passar antecipou a conquista do título, as batidas do Schummy lhe renderiam o título mundial.
O que eu quero dizer: se Cingapura fosse a última corrida do ano, com o Alonso disputando o título, precisando da vitória para ser campeão e, depois a história viesse à tona, acredito que, sim, todos considerariam como a maior falcatrua da história da F-1.
Mas como foi algo "intermediário", será apenas mais uma das várias falcatruas já cometidas. Várias - soubemos de algumas mas, certamente, existem muitas, muitas mas muitas outras que jamais sequer sonharemos em saber.
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