quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Ferrari mandaria Rubinho bater?

Aproveitando a deixa, vou revelar qual foi a primeira vez que me peguei imaginando ver um piloto batendo para favorecer seu companheiro de equipe.
GP do Japão de 2003. Corrida que decidia o título da temporada. A situação parecia fácil para o Schumacher: bastava pontuar, e só. Já o rival Kimi Raikkonen precisava vencer e ainda torcer para o alemão não alcançar a zona de pontuação. O finlandês largava em 8º contra o então pentacampeão vindo de 14º, em função da chuva no final daquele qualifying de volta única lançada.
Lutando fortemente por posições na corrida, Michael teve de se dirigir aos boxes após se chocar com o atrapalhado reestreante Takuma Sato, numa tentativa de ultrapassagem. Kimi ia subindo no grid, e por fim acabaria trocando de posição com David Coulthard para se aproximar do título. À frente das McLarens, apenas a Ferrari de Rubens Barrichello. A corrida terminou com Raikkonen em 2º e Schumacher fazendo o resultado feijão com arroz em 8º.
Durante um dado instante daquela corrida, pensei numa pequena inversão de situação em dois atos:
1) E se o Schumacher na verdade estivesse em 9º?
2) Se, por alguma razão, o Barrichello estivesse atrás das McLarens, ao invés de estar à frente?
Nesta combinação, o título seria do Raikkonen. Michael precisaria ganhar uma posição para chegar nos pontos. Como a Ferrari resolveria isso, tendo Rubens na zona de pontuação?
Na hora, me pareceu óbvio. Posso estar enganado, mas creio que eles fariam.
No entanto, prefiro fugir do título do post. A questão aqui não é julgar a postura da Ferrari dentro desta colocação hipotética. A questão é: se um time qualquer manda o segundo piloto bater na corrida decisiva em nome do campeonato mundial, seria compreensível?
A acusação que recai sobre a Renault sugere uma postura maldosa, ligeiramente motivada por interesses comerciais. Afinal, com tantas corridas no campeonato, por que um manobra assim seria efetuada justo na tão badalada primeira corrida noturna da F-1? Hoje sabemos que o GP de Cingapura, apesar de ter sido realizado apenas uma vez, já entrou para a lista das mais valiosas marcas do esporte.
Voltemos ao contexto geral: Você já pensou num título sendo decidido por uma batida proposital de um escudeiro fiel ao seu time? Isso seria um crime menor? Maior? A FIA entenderia a função exercida pelo piloto no momento chave da disputa pelo campeonato, ou cassaria o título do beneficiado?
Por essas e outras, não encaro o chamado "Renaultgate" como o cúmulo do absurdo elevado ao quadrado. Claro que é bem grave, porém já vi coisas piores na F-1, e creio que polêmicas mais tempestuosas devem surgir futuramente.

10 comentários:

Anônimo disse...

Não sei se entendi direito a sua estória hipotetica. Mas, não seria mais fácil e lógico se o Barrichelo abandonasse a corrida ao inves de bater? Se eu estiver falando besteira, conserta ai, por favor.

Anônimo disse...

Bruno Flávio,

Entendi que a história hipotética seria exatamente o Rubinho abandonar - aí o Schumcher chegaria e 8o e todo mundo ficaria feliz (menos a McLaren, claro).

Difícil de imaginar seria sim, se o Schumacher abandonasse, Kimi em segundo, babando atrás do Rubinho (ou qualquer outro segundo piloto que fosse), sendo, nitidamente, questão de tempo para ultrapassar.

Não tenho dúvida nenhuma que viria a ordem para misturar as tintas. Se o próprio alemao misturou tintas com Hill e Jacques, não ia mandar seu "fiel escudeiro" fazer o mesmo?

E pensem todos: até onde iria o seu limite ético por 1 milhão, 10 milhões, 20 milhões...?

Ridson de Araújo disse...

Houve tb a clara pressão pelos resultados Felipe... a renault é uma coorporação de grande alcance mundial mas por razão ou outra sempre fica polvorosa ao menos deslize financeiro. E na F1 isso toma proporções desmedidas. Com Briatore sentindo que o dele tava na reta, manda outro fazer o serviço.


Não duvido da intenção, mas é apenas de se duvidar da eficácia de encobrimento da merda. Alguma hora iria dar nas vistas e ser investigado (e está sendo)

Ron Groo disse...

Creio que a Ferrari não ordenaria que 1B batesse seu carro em outro.
Ver Schumacher fazendo isto em algumas oportunidades eu até entendo, foi a decisão de um homem em beneficio próprio, e nas duas vezes que fez apenas uma deu certo.

Só que sinceramente, no campo hipotético, claro... Se a Ferrari mandasse o 1B faria, de depois diria: "-Eu sou só um brasileirinho contra este mundão todo...".

carlos disse...

E uma teoria interessante claro que o Barrichello faria isto porque a Ferrari esta pagando. O lema do Barrichello: fazemos qualquer negocio.

Felipe Maciel disse...

Carlos,
Rubinho já abriu mão de vencer para assegurar o emprego. Acho que muita gente seguiria este caminho. Aliás, existe a suspeita de que Piquet teria feito o mesmo, né...

Ridson, certamente isso que você disse também é um motivo. Algo assim só acontece por uma razão enorme ou por uma série de motivos. No caso de uma briga por título seria a 1ª opção; no caso de Cingapura, supostamente ocorreu a última opção.


Sobre a hipótese do simples abandono, também pensei nessa possibilidade, mas daria muito na cara. Mais fácil ser convincente simulando um erro de freada e atolar na caixa de brita da primeira curva do que se retirar por livre e espontânea vontade.
Neste último caso sim, ficaria evidenciada a ordem da equipe, prejudicando o resultado de um dos pilotos para favorecer o outro.

Vale lembrar que desde que a FIA inseriu a regra anti-jogo de equipe, as inversões não deixaram de ocorrer (ex: Interlagos-07), mas sempre de maneira discreta.

Uma batida já seria menos evidente que um abandono, afinal errar é humano, mas desistir da corrida sem problema técnico não te dá o menor direito de resposta.
O que não significa que não seria uma opção da equipe. O difícil é prever a real consequência de cada caso, já que a FIA é meio imprevisível.

Escapamos de algo assim, mas nunca se sabe o que pode acontecer no futuro, ainda mais nesses campeonatos acirrados que voltaram a acontecer pós-Era Schumacher, em que jogo de equipe parece ir ganhando aos poucos aceitação do público. A hipótese só serve pra reforçar uma ideia não tão distante da realidade.

Abraço a todos

Flavio disse...

Concordo com vc Felipe, já vi coisas muito ruins na F1 e ficam querendo dizer que esse caso é o mais grave da história.

Gabriel Souza disse...

Muito bem lembrado Felipe. Agora, corrija-me se eu estiver errado, por favor. Naquela época ainda era possível mexer nos carros através da telemetria?

Por que se fosse, esta situação se resolveria facilmente: alguém lá do box digitaria um comando e a bomba de combustível pararia de funcionar, ou algo assim.

E se não fosse, a equipe daria a ordem para Rubens sim.

De qualquer forma, sou contra ordens de equipe.

E nunca vi o Schumacher errar tanto e ser tão afobado quanto nesta corrida em Suzuka.

Leandro Almeida - Blitz F1 disse...

Bom.. eu falaria pro Rubens enfiar o pé no acelerador sem poupar nda..
das duas uma.. ou ele ia força demais e errar ou até quebrar o carro ou ele ia alcançar as mclarens e passalas... essa corrida por sinal foi muito boa, Barrichello correu muito. Mais essa seria uma forma de resolver as coisas nessa hipotese, nem se compara a história da Renault, ela não havia vencido no ano, a pressão estava de todos os lados, e pilotos querendo um carro pro ano de 2009. Juntar 2 + 2 = Nelsinho Batendo. Quero lembrar tbm que a telemetria num foi nada discreta. Em fez de tirar o pé, o que normalmente se faz, Nelsinho continuo acelerando, o que prova a falta de desejo de controlar o carro.
Ele num vai ser punido, foi ele quem dedo isso.. mais a Renault pode dar adeus a formula 1, não por ser expulsa, mais porque ja não tinha interece de estar no ano que vem, agora mesmo que sai de vez.

Leandro Almeida - Blitz F1 disse...

Bom.. eu falaria pro Rubens enfiar o pé no acelerador sem poupar nda..
das duas uma.. ou ele ia força demais e errar ou até quebrar o carro ou ele ia alcançar as mclarens e passalas... essa corrida por sinal foi muito boa, Barrichello correu muito. Mais essa seria uma forma de resolver as coisas nessa hipotese, nem se compara a história da Renault, ela não havia vencido no ano, a pressão estava de todos os lados, e pilotos querendo um carro pro ano de 2009. Juntar 2 + 2 = Nelsinho Batendo. Quero lembrar tbm que a telemetria num foi nada discreta. Em fez de tirar o pé, o que normalmente se faz, Nelsinho continuo acelerando, o que prova a falta de desejo de controlar o carro.
Ele num vai ser punido, foi ele quem dedo isso.. mais a Renault pode dar adeus a formula 1, não por ser expulsa, mais porque ja não tinha interece de estar no ano que vem, agora mesmo que sai de vez.