domingo, 1 de abril de 2007

Histórias do Galvão (3)

A história de hoje é um pouco diferente das outras: de surpreendente, apenas o desfecho, que eu esperava ouvir de muita gente, menos do Galvão. Mas foi o que ele disse.
Uma lição de vida
A vida é um aprendizado constante e, durante todos esses anos de profissão, tenho aprendido muitas coisas na vida: algumas, sozinho, e tantas outras, com conselhos de grandes amigos que já passaram ou continuam traçando comigo a vida profissional.
Dentre todas as lições que aprendi, tem uma que, para mim, é muito especial. Ela me foi passada por um dos grandes nomes do jornalismo brasileiro, Armando Nogueira, “o poeta do esporte”, como costuma ser conhecido.
Em 1989, eu transmitia um jogo da Copa América entre o Brasil e o Paraguai no estádio do Arruda, de Recife. A certa altura do jogo saiu um gol do Brasil para a direita, a iluminação não estava perfeita, eu me enganei e pisei na bola. Errei o nome do autor do gol.
Quando percebi, comecei a dizer: ‘Mas, espera aí, vinha fulano pela direita, beltrano pela esquerda…'. Tudo para querer arranjar uma desculpa para o meu erro. E, na transmissão, deixei por isso mesmo.
Na segunda-feira, Armando Nogueira, o meu chefe, diretor da Central Globo de Jornalismo, me chamou e, com muito carinho, disse assim:
— Você fez uma bela transmissão, mas perdeu a chance de ser ainda mais simpático com o seu público, com o seu telespectador, e conquistar mais gente para o seu lado. Nada é mais bonito do que ter a humildade de reconhecer o erro.
E seria bonito se as pessoas públicas que dizem ou fazem bobagens viessem a público e admitissem: ‘Pessoal, eu me equivoquei’.
Essa lição eu nunca mais esqueci.

7 comentários:

Anônimo disse...

Belo tópico.
Mas o Galvão ainda exagera, de vez em quando, na F-1.

abs,
R. Bellote

Anônimo disse...

Olá Felipe. É sempre um prazer ler um texto teu. Galvão é só aquilo mesmo. Muitos anos de janela fazem você adquirir uma certa arrogancia. E ele me parece agora vir contornando isto. É mesmo um belo tópico.
Ron Groo
www.bliggroo.blig.ig.com.br

Anônimo disse...

Quanto ao seu comentário sobre Barrichelo, eu entendo, respeitoem quase todos os sentidos. Só discordo em relação aos vices que você desprezaria. Afinal ser vice campeão de f1, mesmo sendo em decorrencia do carro é maravilhoso. Se ele não foi além paciencia. No Filme Grand Prix o Sr. Mannetta, que é a figula alegória do Comendador Ferrari diz uma frase a Pete Aron, herói do filme que é mais ou menos assim: "-Muitos querem vencer na f1, mas só alguns podem."
Mas mesmo assim concordo com você. Boca fechada não entra mosquito e nem sai disparate. Não é?
Mas me diga aqui só entre nós, o quanto não vale ter ganho em Monza hein? Contornar a Parabolica e vencer o Gp mais lindo do campeonato? E Indianapolis? Não estou defendendo o Narigudinho, mas que são feitos memoraveis ah são.
Ron Groo
www.bliggroo.blig.ig.com.br

Felipe Maciel disse...

Ron Groo, essa questão de vice é meio polêmico. Você me fez lembrar uma frase do André Agassi. Como todas segundas e quintas eu coloco uma frase nova no topo, nesta segunda-feira será esta do tenista que vai estar lá.
Sobre vencer em Monza, eu concordo plenamente com você. Receber a bandeirada lá em primeiro é, de fato, uma glória. Discordo sobre a vitória em Indianápolis, que ocorreu em 2002, quando Schumacher o deixou passar tentando se livrar do episódio da Áustria. Nesse caso, não foi mérito do Rubinho.

E agradeço aos elogios relativos ao tópico. Acho que compartilhamos do mesmo pensamento sobre os dois últimos parágrafos do texto. Até pareceu meio cômico ou irônico, sei lá.

Anônimo disse...

Realmente é estranho o Galvão mandar uma dessa, mas se é verdade mesmo, parece que ele tem esquecido disso ultimamente.

Sobre o Rubinho, acho que de tanto ser "sennenizado" pela Globo ele acabou acreditando estar no mesmo nivel dos grandes campeões e soltou aquelas declarações muito infelizes.

Felipe parabéns pelos textos. São todos muito bons. Como disse o Ron Groo é um prazer ler um texto seu.

Abraços

Capelli disse...

Felipe, e não é que seu blog é bacana mesmo?

Já está nos meus favoritos, parabéns!


Capelli

Marcio Kohara disse...

Já tinha ouvido esta história. Só que acho que o grande problema do Galvão é que ele usa isso como exemplo até hoje (ou seja, não tem outro grande mea culpa no portfólio para exibir para a galera. Como já fazem quase 20 anos que isso aconteceu...).