Viraram a Fórmula 1 de ponta cabeça, chacoalharam a categoria, e a temporada 2010 irá mostrar o resultado.
Muita, mas muita coisa mudou nessa virada de ano, como há muito tempo não se via. A era das montadoras ruiu, as corridas serão outras, os boxes estarão mais cheios, os pit stops serão splash and go, o sistema de pontuação é o mais louco da história, temos um novo presidente da FIA, haverá bastante gente nova no paddock, todas as equipes reconfiguraram sua dupla de pilotos - ok, a Red Bull não.
A questão é que este é um ano que promete. Promete o quê? Não sei, promete tudo, promete qualquer coisa, só não promete ser um ano parecido com nenhum dos anteriores.
Impulsionado por uma mola, a lenda viva está de volta à Fórmula 1. Sim, porque se a Ferrari não tivesse oferecido a vaga do Massa ao alemão, sua cabeça não trabalharia com a ideia de competir aqui novamente.
Se os tifosi tiveram de lamentar a perda de Felipe Massa no Mundial 2009 atingido pelo ovni na Hungria, se eles precisaram engolir os contra-recordes de fundo de grid protagonizados por pilotos de testes em estado de frustração... agora é ainda pior: terão de amargar a perda de seu maior herói: Michael Schumacher quer voltar a ser menino e guiar para os mesmos prateados que lhe fizeram crescer como piloto antes de chegar à categoria top. Está explicado o agito da Ferrari ao propor à FIA três carros por equipe. Só uma desesperada para ter uma ideia dessas.
O retorno de Michael pode ter muitos significados. Porque este homem é o mestre. A Fórmula 1 de hoje aprendeu muito com ele. Schumacher ensinou como vencer corridas. Schumacher ensinou como se vence campeonatos.
Se alguém faz voltas voadoras antes do pit stop e ganha alguma posição, é porque está fazendo como o mestre ensinou. Se não ganhou posição é porque não sabe executar tão bem quanto o mestre. Se monta um eficiente jogo de equipe, no qual um piloto serve de trampolim para o título de seu companheiro, é porque está usando a cartilha do mestre. Do contrário, caso a equipe deixe o jogo aberto e ambos os pilotos se devorem nas pistas terminando por entregar o título ao time adversário, é porque é mau aluno, o mestre não ensionou assim... (ecos de 2007)
Pois bem, o mestre estará em ação novamente. Justo na temporada posterior à de 2009, quando a Fórmula 1 se curvou diante da força de um construtor. Brawn GP foi o nome do ano. Não me venha dizer que há 365 dias você apostaria um tostão no Jenson Button para campeão do mundo, seja em que ano fosse. O retorno do alemão retoma o destaque dado ao piloto, não à equipe. Uma coisa é Schumacher campeão pela Ferrari - mérito do piloto que construiu uma equipe vencedora -, outra coisa é Button campeão pela Brawn - mérito da equipe que construiu um piloto vencedor. Michael não precisa ser campeão, sua presença basta como um bom simbolismo para a categoria. Certamente fará bem à F-1, desde que mostre um desempenho satisfatório no auge de seus 41 anos.
Falemos também de outras novidades de 2010. Novos times, novos pilotos. Há times com problemas financeiros, há times que nem sabemos se irão estrear. A tal da Stefan GP coloca olho gordo. Daí cada equipe contrata um tipo de piloto. Tem aquele que faz o tipo o talentoso, como o Kobayashi, tem piloto carregando o sobrenome do ídolo do Schumacher - dá-lhe Bruno -, temos mais um campeão da GP2, o novo Nico, há os experientes e há também os inevitáveis pagantes.
Também merece destaque o notável paradoxo do grid moderno. Temos lá o autor da pole mais jovem da história, o mais jovem piloto a vencer um GP, o mais jovem campeão, o mais jovem estreante, o mais jovem, o mais jovem... Em plena geração “fraudinha high tech”, eis que arrumam um jeito de elevar a média de idade do grid. “Fraudinha” pela própria juventude recordista e “high tech” por serem criados em supersimuladores e obrigados a fazer uso da mais evoluída parafernália eletrônica que quase põe o engenheiro para guiar o carro.
E assim, as equipes valorizam ainda mais o feeling dos veteranos, aqueles senhores que vão além da alta tecnologia e contrapõem seus engenheiros, surpreendendo com a sugestão de um giro na asa dianteira capaz de baixar 1 décimo num tilkódromo onde o tempo de volta é 1min40s. Os dinossauros estão em alta de novo. Mas os destemidos prodígios garantem rapidamente seu espaço. Não espere Rosberg baixando a cabeça para Schumacher, não espere que Hulkenberg tenha considerações por Barrichello, da mesma forma que Vettel em nenhum momento pensou na existência de Mark Webber. Vovôs e netinhos têm mais é que se pegar nas pistas em 2010.
Quanto às equipes novatas, a mais bem sucedida (na cabeça deles) é a falsa Lotus. É verde, amarela, e está crente que possui 7 títulos de equipes, setenta vitórias, cem poles, mil e quinhentos pontos se sei lá mais o quê. Só não tem Colin Chapman, Ayrton Senna, Jim Clark, Ronnie Peterson... Mas pasmem, eles têm Tony Fernandes, Jarno Trulli e Heikki Kovalainen. Tá bom ou quer mais?
A US F1 diz que vai estrear, a imprensa diz que não, eles dizem que sim, a imprensa diz que não. God Bless America, caramba, eles vão estrear!
A Campos Meta já é uma equipe que dá gosto de respeitar. Lançada por um homem apaixonado por corridas que não tem tantos recursos financeiros para o desafio, mas que vai encarar. Na base do "quem paga mais fica com o cockpit", deve conseguir levar na primeira temporada.
Por fim, a equipe de mauricinho da Virgin Racing. Richard Branson gostou de brincar em 2009 e resolveu colocar o nome de sua empresa na Manor. O time já chega querendo fazer história, tornando-se a primeira escuderia a desenvolver o bólido utilizando apenas o CFD, tratando o túnel de vento como verdadeiro lixo. Céticos não faltam para duvidar de que seja possível fazê-lo. Um deles é o grande Patrick Head, que levou uma resposta desnecessária do abusado chefe Nick Wirth: "É evidente que Patrick está acostumado a fracassar, porque já deixou de vencer. E, obviamente, ele investiu mal em dois túneis de vento, que são um pouco arcaicos".
Se por um lado a Virgin me parece aquela equipe que tem tudo para dar certo na Fórmula 1 (inclusive a arrogância de seus dirigentes), por outro o bom e velho Peter Sauber recuperou suas ações e se apronta para nos reapresentar àquela simpática escuderia que figurou na Fórmula 1 durante 13 anos. No entanto, para a verdadeira Sauber voltar oficialmente, seu dono precisa apressar o pedido de alteração do nome, afinal o time foi inscrito com o nome BMW e até agora não foi iniciado o processo burocrático para o Sr. Jean Todt clicar no botão edit.
A verdade é que há dúvidas de sobra para uma temporada onde pode-se esperar de tudo. O fim do reabastecimento implicará em ultrapassagens? Quais os favoritos do campeonato? É muita equipe boa, é muito piloto bom. Já imaginou quantos pilotos devem subir ao topo do pódio em 2010?
Inegavelmente, a expectativa depositada neste Mundial de 26 carros é de muita competitividade. A quem interessar possa, restam menos de 70 dias para a abertura da temporada e menos de 30 para o início da pré-temporada. Que por sua vez agitará cada semana do mês de fevereiro. É uma pena que Fórmula 1 seja igual ao Brasil: só funciona a partir de março. Mas como dizem por aí, o melhor da festa é esperar por ela. O que é bastante relativo, sobretudo quando a festa é boa. E esta, sim, promete demais.
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
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4 comentários:
eeeeeeeebbbbbbbbbaaaaaaaa!!!! mais uma postagem nota 10...
Bem, a temporada estará repleta de particularidades. O que, por si só, aumenta a expectativa.
Eu confesso estar curioso pelo companheiro de Kobayashi na Sauber. Penso que não será nem De la Rosa nem Fisichella...
Ótimo post, Maciel!
E cara, que agonia pra chegar logo fevereiro! hahahaha
Abraço!
Muito bom esse texto, Maciel. Parabens!
Eu estou super curioso pra ver o Schumacher correndo. Ainda mais que não tem reabastecimento. Antigamente ele fazia suas voltas voadoras antes de ir pro pit-stop, mas e agora? O tanque não estará tão vazio pra facilitar. Como ele vai fazer pra abrir vantagem??
O que eu acho neste momento é que se o Ross Brawn acertar a mão e construir um carro excelente, Schumacher voltará a ser chamado de gênio, o ás do volante.
Mas se as coisas não forem tão bem assim, começarão as criticas e os desdém pra cima do Alemão.
Vamos aguardar pra ver.
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