A luta entre Senna e Prost foi um dos confrontos mais ferrenhos da Fórmula 1, se não o mais. O choque em Suzuka marcou a história da categoria, mesclando esporte com política, numa cassação da merecida vitória que custou a chance de Ayrton seguir brigando pelo título.
Senna viveu instantes de extrema raiva. Sofreu uma batida proposital de seu rival, recuperou-se na corrida, mas foi privado de subir ao topo do pódio após a interferência do presidente francês da FIA, sempre próximo de Prost. Não bastasse, ainda foi obrigado a se desculpar por seu protesto, do contrário seria covardemente excluído da F-1.
Ayrton tinha motivos de sobra para não desejar olhar mais na cara de Alain nem banhado a ouro. Mas não foi bem assim. No ano seguinte, o acerto de contas veio na curva 1 da volta 1 no Japão.
Existia entre ambos um grande respeito, certa admiração. O brasileiro e o francês não se tornaram inimigos, muito pelo contrário. A aposentadoria de Prost chegou a ser frustrante para Ayrton. Na sexta-feira em Ímola, a dois dias da tragédia, Senna fez questão de demonstrar a falta que sentia daquele extraordinário piloto no campeonato. A mensagem foi curta mas carregada de enorme sinceridade:
O caso Senna-Prost é uma história sensacional. Talvez não possamos dizer o mesmo sobre a decisão do Mundial de 1997, que deu início a uma pseudo-rivalidade dispensável.
O campeonato tinha de ser resolvido em Jerez. 1 ponto separava o então líder Michael Schumacher de Jacques Villeneuve. O dia não acabaria bem para o alemão, que lançou seu carro sobre a Williams do canadense quando surpreendido com a tentativa de ultrapassagem na volta 48.
Michael seria desclassificado do Mundial, perdendo todos os pontos conquistados. Jacques tornou-se campeão, cruzando a linha em 3°. Diante da manobra mal sucedida do adversário e da punição rigorosa aplicada pela FIA, Villeneuve tinha motivos para apenas rir de Schumacher, que recebeu uma dura lição naquele 26 de outubro. Não foi bem assim.
Jacques Villeneuve preferiu o caminho da intriga. Os anos se passaram e o campeão de 97 só alimentou seu desafeto com Michael, sempre criticando e rejeitando o alemão. Isso porque ganhou aquele campeonato...
É incerto afirmar que a maior diferença entre Suzuka-89 e Jerez-97 tenha sido a existência de Suzuka-90 no primeiro caso. Não, o que faltou a Jacques não foi chance de acertar as contas. Até porque o resultado contou a seu favor.
Fosse o Damon Hill, que havia perdido em 94 devido à cortesia de Schumacher em Adelaide, seria mais fácil compreender. No entanto Hill simplesmente reconheceu o título do piloto da Benetton e seguiu a vida sem chororô. Enquanto Villeneuve, com título ganho, desgastou-se em ataques disparados a Michael; críticas essas que o alemão normalmente se encarregou de ignorar.
Evidentemente, cada vítima tem seu modo de reagir a longo prazo diante de uma ocorrência desse porte. Particularmente, admiro a reação do Ayrton: Explodir no momento da celeuma e superar o que passou logo depois, quem sabe até mantendo uma relação normal com o antigo vilão. Promover uma perseguição doentia pelo restante dos seus dias é pouco recomendado. Eu diria injustificável, no caso de a manobra do bandido não ter dado cabo do mocinho. Uma boa cabeça sabe dar conta do recado.
domingo, 17 de janeiro de 2010
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3 comentários:
Um bom exemplo de diplomacia é Fernando Alonso.
Apesar das acusações de Massa sobre o escandalo de Cingapura e as declarações exibicionistas do Hamilton relativo ao convivio com o espanhol em 2007, Alonso segue rindo, ignorando tudo e fazendo seu trabalho.
Poxa...q video legal!!
Da pra ver ele falando no começo:
"A special hello to my dear friend Alain.
I miss you Alain!"
mensagem foi curta mas carregada de enorme sinceridade!!!
Pensando assim eu concordo... A diferença entre os casos foi a ausência de um outro round para tirar a teima ou colocar mais lenha na fogueira.
E quando a birra do Jaques Deusmelivre com o alemão, bem... A mim parece mais coisa de inveja mesmo.
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