sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Um argumento a favor de Massa

Dois pilotos se saíram muito, muito, muito prejudicados do GP de Cingapura de 2008. Um deles deles foi o Nelsinho; o outro, Felipe Massa. A diferença é que o primeiro participou ativamente da armação, enquanto o último não teve chance de fazer nada a respeito.

Massa não é do tipo que fica remexendo o passado. No entanto, quando perguntado, prontamente diz o que pensa. Algumas pessoas o criticam por usar o episódio como justificativa para a perda do título de pilotos. Bobagem, Felipe jamais disse isso.

Massa reclama do absurdo ocorrido, da impunidade. Sabe que a temporada não foi perfeita: ele teve umas corridas ruins e a Ferrari teve diversas corridas péssimas. Mas na situação dele, não há como encarar o escândalo com indiferença, como se nada tivesse acontecido.

Uma escuderia começa a construir o bólido no ano anterior. Felipe estava lá depositando sua energia nas etapas do desenvolvimento do carro, e mais tarde no combate ao seu companheiro campeão do mundo, no ajuste fino em cada fim de semana, no confronto com o talentoso Lewis Hamilton, que guiava por um time conciso e infalível gerido pelo grande Ron Dennis.



A Ferrari mais atrapalhada dos últimos anos era apenas mais um dos obstáculos enfrentados pelo brasileiro que mirava o título. Sim, claro que Massa teve seus dias ruins. Como todo piloto, aliás, afinal ninguém se torna campeão sem cometer um errinho sequer, uma vez que todos são inevitavelmente humanos. O próprio Hamilton teve das suas, como aquele ataque à rabeira da Ferrari do Raikkonen que entrou para os anais.

Ao longo de 2008, Felipe e Lewis dividiram no roda-a-roda, cometeram algumas presepadas, brigaram por poles e vitórias, mostraram braço, lutaram bravamente e promoveram uma grande temporada. Se compararmos com o passado da F-1, iremos encontrar outros momentos em que todos esses fatos felizmente ocorreram, permitindo um Mundial decidido nas migalhas de pontos. A única coisa que não encontraremos é uma corrida transformada em farsa onde um dos postulantes ao título sofreu a cassação de prováveis 10 pontos na tabela. Num campeonato, repito, decidido nas migalhas.

Depois de tanto trabalho durante o ano, depois de uma pole position obtida no braço, depois de uma vida inteira sonhando com o título mundial, eis que num belo dia lhe roubam os pontos colaborativos do sucesso pleno. O termo é exatamente esse: Roubar.



Não se trata de desconsiderar o resultado, de cancelar a prova ou de trocar o troféu de mãos. Se a FIA o fizesse, seria manobra de tapetão que só serviria para ampliar o tamanho da sujeira implantada. Se trata apenas de lamentar a vigarisse de certos senhores do paddock que, direta ou indiretamente, influenciaram num campeonato que tinha tudo para ser concluído de forma plenamente justa e limpa.

O ano de 2008 não foi decido apenas nos erros e acertos de Hamilton, Massa, McLaren e Ferrari como todo Mundial deveria ser. Por isso é incorreto dizer que o Cingapuragate é desculpa para justificar as falhas da equipe perdedora. A batida premeditada foi um elemento estranho que incontestavelmente pode (eu disse "pode") ter alterado o rumo da história.

Portanto, sempre que o piloto ferrarista comentar o caso, estará no direito de dizer absolutamente tudo o que quiser. Por alguma razão - política ou psicológica - ele tem o controle de ser muito, muito, muito menos agressivo que qualquer um de nós seria se um pervertido qualquer entrasse em nosso caminho para executar uma falcatrua que terminasse por nos prejudicar na busca de nosso maior objetivo na vida.

Perder pelos próprios erros é duro mas é justo. Perder porque uma força externa se somou aos seus erros para derrubá-lo por 1 pontinho é uma sujeira irreparável e incalculável. O prejuízo do passado não tem solução, mas pensando no futuro, o jeito é continuar tentando...

4 comentários:

Aderson Pereira disse...

Eu tenho minha opinião formada sobre esse episodio e não consigo pensar de outra forma. Já tentei e não dá.
Por mais que houve um roubo nessa corrida, nada exclui a culpa daquele cidadão responsável pelo pirulito eletronico. Um cara que assume um posto tão importante como aquele deveria ser uma pessoa que saiba, mesmo sobre pressão, fazer seu trabalho com sensatez.
Eu me pergunto: Pra que se afobar naquele momento??
Se ele não tivesse se apressado, Massa voltaria a pista em terceiro ou quarto. Poderia não ter vencido mas estaria PONTUANDO!!
O pior de tudo é que essa pessoa fica quase ao lado dos caras que reabastecem. Ele tava vendo isso! O carro não saiu sem uma roda, saiu com uma mangueira. E que mangueirão!!
Cingapura não foi a ultima corrida da temporada. Depois daquela ainda restavam 3 pro Massa se recuperar.

E eu queria perguntar ao moralista Stefano Dominecalli porque ele não vetou o alemão dick vigarista como assessor da Ferrari??
Schumacher ROUBOU aquele titulo de 1994 jogando o carro em cima do Hill. Tentou roubar o titulo do Villeneuve repetindo a mesma manobra.
Eu que sou inocente fazendo esta pergunta pois já sei a resposta: Schumi deu 5 titulos a Ferrari, ae tá perdoado. Vc é safado mas tudo bem!!

Felipe disse...

concordo... eu teria vontade de enforcar o nelsinho... hahahaha

Bruno Prado disse...

Acho isso tudo um grande exagero, apenas mais um assunto pra mídia mundial (principalmente a britânica) vender tablóides. Massa está se tornando um tremendo chorão em relação ao caso Cingapura, sempre que entrevistado choraminga que poderia ter ganho o campeonato por causa daquela corrida. Não estou defendendo o Briatore e Nelsinho, mas entendo o que fizeram, levaram o jogo de equipe (antes algo que era comum na F1) ao extremo. Errado, fato! Mas isso é tudo um estardalhaço em uma temporada que teve pouquíssima emoção, aliada com a vingança do PIOR presidente que a FIA já teve. Se teve alguem que tirou o titulo da equipe de Massa, foi ela mesma, ponto. O resto é resto e sempre ocorreu na F1, as vezes menos, as vezes mais.

Esterzinha disse...

Já é de práxis entender que esse não foi o único fator a influenciar negativamente o campeonato de 2008, nem é certo que o título mudaria de mãos caso coisas como essa não tivessem acontecido.
Só um exemplo: a perda do GP da Bélgica pelo Hamilton ainda é muito polêmica.
Mas, 2010 tá aí!