Final polêmico

Não existe vitória mais sem graça na vida de um piloto do que aquela que vem depois da corrida, graças a uma punição. De qualquer forma, uma vitória é sempre uma vitória, e a graça não aumenta nem diminui os dez pontos conquistados.

Lewis Hamilton foi punido com 25s no tempo total, correspondente a uma passagem pelos boxes. Assim, o piloto da McLaren caiu para terceiro, atrás de Felipe Massa e Nick Heidfeld.

Tudo por causa da disputa de posição na Bus Stop, onde Lewis passou reto e se viu obrigado a devolver a posição. Kimi retomou a ponta mas logo foi supreendido pelo inglês novamente, uma vez que ele teria tracionado melhor, portanto o corte da chicane não deixou de ser uma vantagem. Foi essa a interpretação dos comissários.

Neste ano, qualquer coisa que acontece a FIA pune. Hamilton deveria ser mais cuidadoso ao tentar algum tipo de esperteza. Não acredito que ele tenha agido de má fé, apenas tentou perder o mínimo de tempo possível, algo que todos fazem sob tais circunstâncias, mas por acaso foi possível voltar a ser primeiro.

Particularmente, entendi que Kimi é que estava lento demais, por isso foi ultrapassado na La Source. Caso acontecesse algo semelhante entre carros em níveis parecidos, dificilmente o piloto de trás conseguiria partir com tanta ação sobre o adversário à sua frente. Basta reparar que, na verdade, o momento em que o finlandês recuperou a posição foi na linha de chegada - ou seja, em plena reta -, não na saída da curva.

Exatamente pela diferença de rendimento, o inglês poderia considerar o rigor dos comissários na atual temporada e adiar o ataque; duas (longas) voltas em Spa seriam suficientes. Mas é claro que ele não pensou nisso, no calor do momento não pensaria mesmo.

O fato é que o incidente está aberto a interpretações. No lugar deles, eu não puniria, porém respeito a decisão. Também é fato que mancha a imagem da disputa, porque levanta a voz de quem gosta de recitar a teoria da conspiração e apontar favorecimento à equipe Ferrari. Sem falar que é estranho tirar a vitória de um piloto, sobretudo por conta de um duelo com alguém que nem mesmo cruzou a linha no final. Entretanto, os comissários não estão lá para levar em consideração favores extra-regulamento. Para eles, o momento exige que se cumpra o artigo 30.3(a) do regulamento esportivo, e do apêndice L, capítulo 4, artigo 2(g) do Código Internacional.

A história não acaba por aqui. A McLaren irá recorrer e o resultado definitivo só sairá na semana que vem. Antes que manifestassem a sensação de déjà vu, a Ferrari anunciou que não irá se envolver no caso, a escuderia de Ron Dennis irá brigar sozinha fora da pista para reverter o resultado.

Partindo do princípio que o time de Woking perderá seu tempo tentando, o campenato ficou com Hamilton-76; Massa-74; Kubica-58; Raikkonen-57.

Ai, esses campeonatos que insistem em se resolver do lado de fora...