Chuva anti-Raikkonen

Um roteiro típico de Spa-Francorchamps: uma bela pista, um clima instável e muitas surpresas.

Antes da largada, o circuito se encontrava úmido. Quando as luzes se apagaram, a maioria dos pilotos acelerou com cautela, o que não impediu a ocorrência de rodadas na primeira curva, a exemplo de Heikki Kovalainen, que perdeu várias posições.

Kimi Raikkonen teve de usar a área de escape e partiu para cima de Felipe Massa, que desacelerou mais do que o necessário na Eau Rouge, preocupado com a quantidade de água no local. Melhor para o finlandês, que ultrapassou o companheiro na reta. Na volta seguinte deixou para trás Lewis Hamilton, graças à trapalhada do inglês, que ficou atravessado na La Source.

Alonso pulou duas posições, Boudais ganhou quatro e Nelsinho subiu cinco. O brasileiro, porém, abandonaria a prova por falha própria, segundo ele causada pela linha branca onde pisou. O velho problema da peça entre o banco e o volante.

Kovalainen fazia uma boa prova de recuperação até errar o ponto de freada e se chocar contra Mark Webber na Bus Stop. Recebeu um drive-through e terminou de jogar fora suas esperanças nesta corrida.

Hamilton parou primeiro, depois veio Raikkonen e mais tarde o Massa. Nenhuma alteração entre os três primeiros, e assim permaneceria até os instantes finais, quando todos ficaram de olho nas nuvens esperando a chuva que se aproximava.

O piso foi molhando aos poucos, até que, a três voltas do fim, os efeitos passaram a ser sentidos pelos pilotos. Raikkonen que o diga.

Lewis colou em sua traseira e tentou passar no lado de fora da última curva, porém acabou espalhando e cortando a variante. O inglês entregou a posição na reta dos boxes e iniciou ali mesmo um novo ataque, que culminou na ultrapassagem logo na curva 1. A manobra está sendo investigada pelos comissários, que devem interpretar se o britânico abriu para o finlandês de forma honesta ou se soube se aproveitar para tracionar melhor e pegar o vácuo do adversário. No máximo, pintará um punição financeira, porque dificilmente seriam capazes de confiscarem esta vitória.

Voltando à confusão: no momento em que faltavam duas voltas, Lewis espalha na Fagnes, onde alguns retardatários passeavam, e Kimi retoma a liderança, porém roda na saída da chicane e Hamilton se recupera. Antes da Bus Stop, o finlandês gira e bate, dando adeus à prova. O segundo lugar cai no colo de Felipe Massa. Este, por sua vez, inicia a volta final com pé no alto, seguindo Lewis, que também optou por virar lento e não trocar pneus.

Nick Heidfeld e Fernando Alonso entraram nos boxes e colocaram os intermediários, fato que rendeu o pódio ao alemão, então nono colocado na corrida. O espanhol obteve a merecida 4ª posição. Quem não merecia a queda no final era Sebastien Bourdais. O francês subiria ao pódio na etapa de sua redenção, porém teve de se contentar com o 7º posto, atrás de Robert Kubica. A Toro Rosso de Sebastian Vettel também andou bem e faturou o 5º lugar. Timo Glock tomou a 8ª posição de Mark Webber, deixando o australiano com o lugar dos bobos.

Kovalainen não completou a corrida, embora apareça na classificação como 10º colocado. Rubens Barrichello sofreu com problemas na caixa de marcha e precisou abandonar. A Williams não pontuou, assim como Red Bull, Honda e Force India.

No campeonato, Hamilton chega aos 80 pontos e abre oito de vantagem sobre Massa, com 72. Robert Kubica supera Kimi Raikkonen no 58 a 57. Kovalainen cai para sexto novamente e Heidfeld faz 47 x 43.

Se a Ferrari quiser, poderá chegar em Monza com as posições bem definidas. Quinze pontos separam Felipe Massa de Kimi Raikkonen. Vinte e três é a diferença do finlandês para o líder. Quase o dobro disso - 50 pontos - é o que está em jogo até o final do campeonato.

A escuderia tem uma semana para decidir se esse é um motivo grande o suficiente para que seja seguida sua própria filosofia.