quinta-feira, 14 de maio de 2009

Com a palavra, Ross Brawn

Recuperando o assunto do fim de semana para expôr a entrevista publicada por Livio Oricchio, que conversou com Ross Brawn a respeito das tão faladas estratégias do domingo.
O patrão da equipe assumiu a responsabilidade pela alterações dos planos do Button: "A decisão foi minha. Recebi informações de nossos engenheiros e concluí que assim funcionaria melhor para Jenson. A estratégia de Rubens não precisou ser revista porque tudo atendia, até então, o planejado, não havia fatores colocando-a em risco".
Como todos sabem, o motivo alegado foi o posicionamento do Nico Rosberg na pista, que se situaria entre os pilotos da Brawn. O chefão explicou que "[Jenson] sairia dos boxes atrás de Nico Rosberg, enquanto Rubens conseguiu ficar na sua frente depois do primeiro pit stop. A outra ameaça a Jenson era Sebastian Vettel, pois eu acreditava que ultrapassaria Felipe Massa no primeiro pit stop, era mais rápido e tinha mais gasolina, e teria pista livre para chegar em Jenson".
Só para constar: Button parou na volta 18, Rosberg na 25.
De fato, a Red Bull falhou em não administrar a tática do alemão, que facilmente superaria o Massa numa jogada com o reabastecimento, manobra não adotada pelos energéticos.
Quanto ao questionamento sobre Barrichello tomar ciência da reformulação da estratégia do inglês somente depois do pit, Ross respondeu: "A escolha da estratégia é da equipe, não do piloto. Somos nós que temos a visão global da corrida. O piloto deve concentrar-se na condução, apenas em condições especiais eles decidem. Depois do primeiro pit stop, Rubens ainda estava em condições de ficar na frente de Jenson. Como já disse, ele perdeu a corrida porque seus tempos pioraram com o terceiro jogo de pneus, depois do segundo pit stop. Esse foi o fator novo, não anunciado até aquela altura".
Ele apresentou algumas possibilidades para explicar o mau rendimento dos compostos. "Aqueles pneus tinham mais voltas que os dos outros jogos. No total, eram 6 diante de 3 dos demais. Com aquele jogo, Rubens havia feito uma saída na segunda parte da classificação (Q2) e uma na terceira (Q3). Mas nossa expectativa não era de queda tão grande. Outro fator foi a perda de um pedaço da carenagem, na parte posterior do carro, mas não comprometedora também. E vimos, ainda, que o chassi tocava o solo com mais força por causa da pressão um pouco mais baixa dos pneus, que precisamos entender. A telemetria mostrou que Rubens não conseguia ser rápido porque o carro se tornou instável, saía muito de frente".
Mais uma vez, frisou que não existe favorito dentro do grupo. "A única coisa que pedi até hoje a Rubens e Jenson é que não se toquem, não se coloquem para fora da pista". Também disse que gostaria de ver Rubens vencer, seria importante para a escuderia. "Tenho certeza de que Rubens vencerá várias corridas".
A questão que ainda desperta curiosidade é por que Barrichello fez um segundo trecho curto se possuía combustível para realizar pit stop algumas voltas depois. Naquele momento, não havia tráfego que justificasse a antecipação. Esse é o principal argumento dos desconfiados, porque foi daquela forma que Rubens acumulou combustível para o terceiro trecho, no qual ele rendeu abaixo das expectativas.
No entanto, como foi comentando tanto pelo Ross quanto pelo Rubinho, foram os pneus que não ajudaram muito. Eles não comentaram nada sobre essa questão da gasolina, talvez porque os planos iniciais fossem parar exatamente nas voltas em que pararam. Mas há jornalistas por aí prontinhos para indagar o piloto a respeito das escassas doze voltas do segundo stint. As voltas entre paradas do Barrichello ficaram assim: 19-12-19-16, sendo, portanto, dezesseis com compostos duros no final, contra 12 de macio no momento de "sentar a bota", como diz o outro.
Não creio em teoria da conspiração, porém algo me diz que a polêmica ainda não terminou.
Para quem quiser repassar o olho na corrida, recomendo este link.

5 comentários:

DGF disse...

Felipe, que site VIOLENTO esse Vision F1. Vai ajudar a fazer análises mais completas das corridas.

Quanto à polêmica, vou tentar voltar a esse assunto antes da prova de Mônaco pra tentar esclarecer mais algumas coisas.

Concordo que tem coelho nesse mato.

Felipão disse...

Bom. Eu acedito nas palavras dele. E o Barrica tinha condições de vencer. Essa é a verdade...

Ingryd disse...

não acho que tenha conspiração na história não, o proprio rubens disse que o problema do stint "encurtado", foiras as bandeiras azuis, e que ele perdia muito tempo com elas...
a não se que combinaram isso tb, me soa totalmente plausivel...

Marcos Antonio disse...

bem, conspiração não há, mas com certeza Barrichello faz declarações que suscitam a polêmica. A Versão do Ross é totalmente convincente, na minha opinião e pra mim é caso encerrado.

Rodrigo disse...

Felipe, belo post. Na verdade, acho que foi o melhor até agora sobre o tema que tenho acompanhado.

Vamoas aos fatos: Rubinho aceitou passivamente ser escudeiro de Schumi durante longos anos na Ferrari. Aceitou por questões contratuais. Foi uma opção, dinheiro e não nos cabe julgar isso. Naquela época, O Ross era o chefe da equipe, jogando com o carro do Rubens como se joga xadrez para fazer o alemão vencedor. Querendo ou não, isso ficou marcado. Ainda acho o Barrichello melhor que Button, basta ver os anos anteriores na Honda.

Fato: uma equipe inglesa, com um chefe inglês, com um piloto inglês. Queremos o que? Evidente que o brasileiro nunca poderá vencer. Só um cara na história superou isso: Nelson Piquet, na Willians. E porque tinha muita personalidade.