No Bahrein, uma alfinetada do Montezemolo à realidade da F-1 chamou a atenção. O presidente da Ferrari afirmou que "vivemos uma situação muito estranha e, na minha opinião, negativa. Temos três carros diferentes no grid: há a competição entre os carros com o KERS, outra com aqueles que não o têm, mas têm o difusor duplo, e uma terceira entre aqueles que não tem nem KERS, nem difusor duplo".
Se a equipe de Maranello estivesse nas cabeças, não estaria reclamando. Mas é bem verdade que seu argumento foi bem colocado. Piloto que usa push-to-pass e piloto que não tem é mesmo estranho de se ver. E, se existe dispositivo que confere uma vantagem maior que o KERS, é o difusor.
O ferrarista faz pirraça mas não deixa de ter certa razão quando lê a competição do momento como se enxergasse um confronto entre três espécies de categorias diferentes. À medida que a temporada avança, a tendência é que aumente o número de escuderias equipadas com KERS e difusor, mas por enquanto causa estranheza a separação entre grupos de carros no grid e suas respectivas munições.
Para 2010, a FIA escancarou as diferenças: estiplou dois conjuntos de regras e deu total liberdade para que cada equipe escolhesse qual deles pretende seguir. A diferença é que, nesse caso, um dos regulamentos propostos - limitado em £40 milhões - oferece um quantidade de vantagens tal que induz todo o grid a adotar o teto orçamentário; afinal, de que vale trabalhar com investimento elevado se o uso dos fatores técnicos serão limitados?
A pseudo-escolha e a forçação de barra da FIA desencadeia mais um conflito de interesses entre montadoras e entidade. Mosley atacou o primeiro a protestar, alegando que a Fórmula 1 pode sim sobreviver sem a Ferrari. Às vezes os dirigentes se assemelham a crianças dando pitis para quem quiser ouvir.
O fato é que as medidas adotadas em defesa das independentes e os incentivos concedidos aos novos times tem implicações positivas sobre a guerrinha contra a Fota, como bem constatou o Ico, cujas palavras vem a seguir:
"O que Max e Bernie fizeram hoje foi mais um golpe para enfraquecer a FOTA nesta briga intensa pelo poder na categoria. Estão facilitando ao máximo para que novos nomes façam parte da divisão do bolo, justamente num momento em que as equipes buscam abocanhar uma parte maior dele – isto fracionaria os lucros pretendidos por elas. Além disso, ganham maior influência política, já que estas novas equipes serão muito gratas à 'bondade' de FIA e FOM. O golpe final é a criação de um regulamento que vai permitir que estas 'nanicas' briguem com as grandes logo de cara através das já citadas vantagens esportivas".
Estamos diante de um alívio financeiro e melhorias esportivas. A FIA agradece à crise, seu maior aliado no momento em que finalmente resolve peitar as grandes marcas e construir uma nova Fórmula 1. 2009 é o começo, mas 2010 vem aí, com suas ímpares novidades, para completar o processo.
5 comentários:
Vc falou tudo. A melhor coisa pra FIA é a crise...
Não sei até onde vai essa gerruinha entre FIA e FOTA, tampouco até onde vai esse retrocesso tecnológico e geral da Fórmula-1. Por que se os caminhos traçados por Mosley forem seguidos ao pé da letra, a categoria dará meia volta a um processo longo que ainda sequer chegou ao fim para voltar no tempo e deixar tudo, novamente, nas mãos das garagistas.
Durante esta década, vimos as garagistas irem pro vinagre e as montadoras dominarem quase que 100% do grid e das ações da Fórmula-1. Desse jeito, as montadoras vão embora e as garagistas vão voltar à carga com força total.
Não deixa de ser um retrocesso, embora para mim seja um retrocesso positivo, mas... é, de fato, benéfico para a Fórmula-1?
realmente o Montezemolo falou algo importante. O problema todo eh que essa evolução tecnológica q a F1 passou, passou dos limites e tava acabando com ela. Nao acho q o retrocesso será de todo mal, apenas tem que ser bem feito, mas sem politicagem... dificil hein
Independente dos destaques da temporada (Button/Brawn, Vettel/Newey) 2009 é uma grande bagunça e próximo à metade do ano, 2010 é uma incógnita completa a ser decidida (em Meulbourne/2010?)
A perspectiva é de acirramento da briga de caciques e os pilotos...os pilotos são só um detalhe.
Também temo a subdivisão da categoria em pista. Imagina, ter que fazer contas pra ver quem dos ultimos foi o primeiro da categoria tal... Seria esquisito demais.
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