A entrevista de Nelsinho a Reginaldo Leme não foi nenhuma explosão de novidades, serviu mais para dar detalhes e colocar o seu ponto de vista em meio ao turbilhão que se instaurou.
Ele contou que aquele fim de semana foi duro, já havia tido uma discussão com seu manager, que lhe exigia a assinatura de um contrato, com o qual não concordava. Briatore "gritou, berrou", mas ele não aceitou. Os conflitos com o patrão durante o fim de semana teriam lhe deixado mentalmente abalado.
No domingo, horas antes da corrida, nem Flavio nem Symonds estavam confortáveis na tal reunião, mas lançaram a famosa tramóia, deixando nas entrelinhas a possibilidade de permanência na equipe em troca da execução. Nelsinho baixou a cabeça para a dupla do alto escalão da Renault e levou o plano adiante.
Sobre a escapada na volta de apresentação, esclareceu o que era óbvio, embora o público tenha tratado de inventar lenda: foi uma rodada acidental, que tinha ocorrido na curva que antecede a reta, portanto não possuía a menor relação com o esquema da curva 17 durante a prova. Na verdade, quase pôs tudo por água abaixo, já que uma pancada lá poderia cancelar sua corrida antes mesmo da largada. O que seria ótimo, por fim.
Depois do encerramento do GP é que Piquet compreendeu a dimensão do erro que comenteu, e não teve coragem de contar ao pai. Quem o fez, posteriormente, foi seu amigo Felipe Vargas.
Sobre a reação de algumas equipes e pilotos da F-1, o piloto argumenta que estão enganados caso pensem que não foi punido o bastante. "Quem levou a maior punição fui eu". Também diz que Pat e Flavio têm anos de carreira e negócios fora da categoria, enquanto que a sua trajetória está no começo e foi bastante prejudicada em decorrência do fato em questão.
Perguntado por que não fechou com a STR, Nelsinho afirmou que acreditava que as coisas estavam melhorando no final de 2008, ele se aproximava progressivamente do companheiro e esperava que 2009 seria mais fácil. Não foi. Se pudesse voltar atrás, garante que teria fechado com a Toro e aberto mão da vaga na Renault.
Nelsinho quer voltar a negociar com a Toro Rosso agora. A prioridade está nas escuderias atuais, já que os times novos pretendem recrutar pilotos pagantes, o que foge de seu interesse.
Ele confirmou o teste agendado para a semana que vem na Nascar. Contou que irá para conhecer, mesmo assim porque a equipe insistiu muito. Embora esteja focado na categoria máxima, Nelsinho expressou sua ambiciosa vontade de vencer grandes provas do automobilismo fora da F-1, como Le Mans e Daytona.
Para fechar nosso resumo, a importante frase que é uma dura realidade: "Essa história saiu depois de um ano, tem muitas histórias que nunca saíram". Piquet ainda acrescentou que quer um esporte puro, e preferiu limpar essa história da forma como faz agora para não ficar guardada com ela para o resto da vida.
Ainda é difícil entender que teve peito para jogar tudo no ventilador só por querer um esporte mais limpo e, de quebra, se vingar do antigo chefe. Seria mais fácil tentar se manter na categoria se abafasse o caso após a demissão.
Mas uma coisa tem que ser dita: uma das grandes diferenças do caso de Nelsinho para outras inúmeras sujeiras da F-1 é o fato de ele ter se arrependido e contado tudo, de modo que a FIA reprimisse os culpados. E isso me parece ser mais difícil do que dizer "não" a uma ordem de equipe. Quantos crimes foram praticados sem que ninguém se arrependesse? E quantas vezes foram repetidos por não se aplicar punição? Nisso o Nelson Maior está coberto de razão: se nada assim vem a público, o esporte não evolui. Nem tudo é caos como parece ser. A partir de agora, é improvável que tenhamos um novo briatore e um novo nelsinho para arriscar a mesma façanha absurda no futuro.
Para amenizar o tom polêmico de mais um post relacionado ao escândalo, não custa passar a animadora declaração do amigo do Ângelo, o Bruno.
Enquanto um sobrenome forte sai e não sabe se volta, o outro grande sobrenome está prestar a chegar. Senna demonstra mais otimismo do que nunca para ingressar no ano que vem:
"As ultimas conversas estão sendo empolgantes. Tudo corre bem, e o ritmo das negociações aumentou nas últimas semanas. Estou ansioso para dar boas notícias nos próximos dias".
Provavelmente um contrato será fechado com uma das novas equipes. Mas também se cogita vaga na ascendente Force India. E, cá entre nós, apostar no Bruno vale mais que apostar em Liuzzi.
Já apostar no futuro de Piquet é um desafio de outro mundo. Se exilar nos States não deixa de ser uma opção até a poeira baixar; porém, se a poeira baixar antes, por que não estaria de volta à F-1 logo no ano que vem? O papai tem influência e deve ajudar a convencer alguma equipe. Está tudo em aberto para ele.
5 comentários:
Eu gostei da entrevista, acho o que ele fez, obviamente ruim, mas foi limpo. Que outros tivessem esta coragem e talvez não tivessemos figuras nefastas dando as cartas.
a entrevista foi boa, mesmo... tbém gostei... dá pra perceber que falou de coração...
nem me dei ao trabalho de vê-la. Sabe, pensar qu ese ele não fosse demitido isso nunca teria sido revelado mostra o caráter dele. O arrependimento é mais do normal e justificavel, pra ele, mas eu não aceito.
é Felipe ! agora é so aguardar!
Nem vi a entrevista, só pelo começo já perdi a vontade. Ele não precisa pedir desculpas para os brasileiros, para os seus torcedores.
Ele precisa pedir desculpas a si mesmo, pois manchou sua carreira com este episódio.
Até acredito em uma volta do Nelsinho, mas não em uma das equipes "tradicionais".
De qualquer forma, ele precisará fazer muito mais do que qualquer outro para se sobressair.
Abraço!
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