Mestre Brawn está de volta!

Ross Brawn tirou um ano de folga da F-1 e todos esperavam que ele voltasse a comandar a Ferrari, onde construiu uma parceria de sucesso com Jean Todt e Michael Schumacher ao longo de anos. Mas para a infeliz surpresa dos tifosi, o engenheiro assinou contrato com a Honda, escolhendo um desafio completamente novo em sua magnífica carreira.

"O fato de a Ferrari não estar em crise a deixou menos atrativa para mim. Eles possuem uma ótima estrutura para manter o bom desempenho dos últimos anos. Meu trabalho agora é superá-los", disse Brawn.

"Esses 12 meses me ajudaram a enxergar o que eu gosto nas corridas. Eu senti muita falta delas, me fez falta o esporte, o trabalho de equipe, a sensação de fazer parte de uma equipe que trabalha duro, mas é muito recompensada quando tudo dá certo".

"Estou muito animado. A Honda tem uma grande herança na Fórmula 1 e a oportunidade de ajudar a equipe a realizar suas ambições representa um desafio fantástico para mim. A equipe já fez um bom trabalho ao pensar no futuro e contratar engenheiros de primeira classe. Estou ansioso para trabalhar ao lado de pessoas tão talentosas e ajudar a Honda a redescobrir o caminho das vitórias ".

Fica claro que a Honda não desanimou com o fracasso da temporada 2007 e reagiu injetando bastante dinheiro em todos os setores relacionados ao desempenho do próximo carro da equipe. A chegada de Ross Brawn é tida como certeza de melhorias significativas de performance no ano que vem e deve empolgar todo o grupo. Ou será que não?

Os primeiros comentários sobre a contratação do britânico indicam que Rubens Barrichello tem motivos para se preocupar. Primeiro que o brasileiro nunca recebeu nenhum apoio de Brawn na época em que trabalharam juntos na Ferrari, pelo contrário, ele se dedicava quase que exclusivamente ao Schumacher; e agora na Honda seria a vez de Jenson Button ser o preferido do chefe, uma espécie de novo pupilo. Sabe como é, a equipe é nipo-britânica, o Ross é britânico, o Jenson também...

Além disso, também tem a interminável novela de Fernando Alonso, cujas negociações com a Renault aparentemente desandaram, e a Red Bull não desperta grandes expectativas dentro da pista. A Honda começa a ser alvo de boatos que colocam o espanhol (atraído pela contratação de Brawn) no lugar de Rubinho, que por sua vez deveria se mudar para algum outro time, como a Super Aguri, por exemplo.

Até que os rumores não se tornem reais, Button e Barrichello terão a oportunidade de trabalhar com o cobiçado engenheiro. Ele inicia suas atividades no dia 26 de novembro e terá total responsabilidade sobre o projeto e a fabricação do bólido de 2008.

A Ferrari também estava no grupo de escuderias que brigava para receber o dirigente, mas as negociações fracassaram em outubro, e o anúncio da Honda teve consequências imediatas na divisão dos altos cargos do time de Maranello, a começar pela retirada de Jean Todt das pistas.

O francês abdicou da função de diretor-esportivo para assumir o posto de diretor-geral da montadora, passando a cuidar da parte de vendas. Stefano Domenicali será o seu substituto. Esse tem o que aprender...

Aldo Costa ocupará a vaga de diretor-técnico, deixada por Mario Almondo, novo diretor de operações da equipe. Gilles Simon recebe o cargo de diretor de motores, completando, assim, o troca-troca interno da equipe.

Este é o fim definitivo da vitoriosa parceria Ferrari-Schumacher-Todt-Brawn, que dominou as pistas da categoria no início dos anos 2000. Não sobrou um para contar história. A nova configuração do time começa a trabalhar nesta semana, com os testes de pré-temporada. Curiosamente, Michael Schumacher estará ao volante do F2007, testando e se divertindo com o brinquedinho vermelho.