O incidente com os comissários na Austrália deu o que falar e sacode até agora os bastidores da equipe McLaren.
Mas Ralf Schumacher ressurgiu do nada para colocar seu ponto de vista sobre o princípio do caso: "Não posso dizer que, se eu ainda estivesse na F1, teria tomado uma atitude diferente da de Hamilton. Afinal, você trabalha junto com o seu time, e assim você fala o que precisa ser dito. Lewis com certeza não foi o primeiro cara a mentir [para comissários]", disse, revelando que o ocorrido definitivamente não foi um fato isolado.
Fica cada vez mais claro que o verdadeiro problema não foi a mentira mas sim o equívoco dos membros da Federação. Após o GP, Hamilton e Trulli expuseram seus argumentos, no entanto a FIA preferiu cair no conto do inglês, em detrimento da abordagem do italiano. Se as versões de ambos não batem, é muito provável que alguém esteja mentindo. Se os comissários acreditaram no homem errado, azar o dela.
Os fiscais responsáveis pelo processo de apuração, ao invés de checar as provas antes de bater o martelo, resolveram definir um culpado sem fazer uso das câmeras on board, amostras de rádio ou qualquer veículo relevante de informação. Quando pensaram que a história do Trulli não colava, aplicaram a punição adequada ao piloto da Toyota, mas assim que ficou configurado o seu equívoco, puniram Lewis sem piedade.
Não são exatamente dois pesos e duas medidas. Trata-se de uma trapalhada da entidade, que evitou passar pela humilhação de ter que voltar atrás, repassando a vergonha para o colo da McLaren, jogando o time britânico na lama.
Martin Whitmarsh agravou a resposta da FIA afastando o veteraníssimo Dave Ryan, e aí as coisas só se complicaram. A imprensa caiu de pau, Hamilton se curvou em pedido de desculpas, abriu-se a possibilidade de o inglês deixar a equipe por rescisão prevista em contrato, o cargo de Whitimarsh balançou, a Mercedes aliou o desastre de Melbourne à crise para repensar sua posição em relação à F-1, surgiu uma nova chance de a Federação declarar exclusão da equipe do Mundial, e por aí vai.
As estruturas de Woking foram abaladas pelo caso. Mas, no fundo, não passou de uma mentirinha que os atletas contam para os juízes, assim como já aconteceu na categoria - a exemplo do que foi dito pelo Ralf - e acontece com frequência em diversos outros esportes. Desta vez, porém, os juízes foram bobos demais. Um incidente de pista, que não deveria repercutir em punição alguma para ninguém, acabou por criar uma bola de neve que ainda não parou de crescer.
3 comentários:
você lembra quando o povo da Honda foi descoberto com um tanque secreto de combustível? será que o aficionado japonés se sentiu enganado assim? este asunto da empresa com vergonha parece mais teatro que outra coisa.
teatro que sería muitoo útil se a montadora realmente decide sair da categoria. afinal de contas, que explicação tería para abandonar uma equipe ganahadora? escándalo muito conveniente...
- Acho que mentir não é proibido, pq com certeza as outras equipes tambem mentem. Feio pra categoria é tentar enganar os comissarios e denegrir a imagem da categoria da equipe e do piloto, logo mentir proibido.
Felipe, a questão não é essa. Seria uma coisa se o Lewis tivesse mentido para se defender, mas ele não era acusado de nada. Pelo contrario o acusado era o Trulli e a mentira tinha a intenção de prejudicar a corrida do outro piloto. E não era uma questão de interpretação, ele recebeu uma pergunta objetiva do qual ele sabia a resposta e mentiu. Tenho certeza que ele disse no Canada e Spa que não fez nada de errado e os comissarios discordaram, mas isto não é mentir (até porque se tratava de questões interpretativas como na maioria dos acidentes).
Em tempo: vale lembrar que Ralf é funcionario da Mercedes, logo não é bem isento.
Em tempo (2): para ver como o Ralf exagera, o Vettel disse aos comissários que a culpa do acidente com o Kubica era dele. Recebeu uma punição muito exagerada por conta da sua sinceridade, mas mostra que tem quem prefira ser honesto nestas horas.
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