terça-feira, 28 de abril de 2009

O ponto fraco de Nelsinho

O tricampeão Nelson Piquet não passou a marcar presença nos GPs por acaso. O pai de Nelsinho pressiona Briatore e tenta influenciar o comportamento do time para explorar o potencial de seu filho.
Nelsão dá detalhes dos seus pitacos: "Se os engenheiros gritarem no rádio que ele está mal por ter perdido uma boa volta no treino de classificação atrás do tráfego, como ele vai ter confiança no que faz? Eu disse ao Flavio que ele só vai tirar o máximo do Nelson se lhe der cobertura".
Também observou que a postura da equipe nas sessões livres precisa mudar: "Na maioria das vezes, ele guia durante os treinos com o tanque cheio. O time sabe que ele vem tendo problemas quando anda com menos gasolina, então deveriam dar mais tempo de trabalho a ele com uma configuração de classificação".
Parece haver um consenso incontestável: o ponto fraco de Nelsinho é a classificação. No GP da Alemanha de 2008, por um golpe de sorte, o piloto pulou para a ponta da corrida e demonstrou um excelente desempenho, que serve como dica sobre seu perfil de piloto: ele deve saber muito bem andar na frente; o problema é que sempre larga atrás.
No GP do Bahrein, fez sua primeira performance respeitável na atual temporada. A corrida do Piquet foi muito boa. Podemos considerá-la excepcional se compararmos com o Nelsinho das provas anteriores, mas, no geral, classificamos como muito boa para o carro que possui.
Desta vez, Briatore não soltou suas criativas ironias. Segundo o piloto, as palavras do chefe foram bastante positivas: "Ele me disse: 'Tá vendo, você consegue. Só precisa acertar sua classificação. Se acertar, você será um dos pilotos mais rápidos da corrida. Pensa e vê o que a gente pode fazer por você, pois você é um dos mais rápidos'".
Uma frase assim vinda de um sujeito chamado Flavio Briatore ganha uma proporção imensurável. Porque se tem alguém na Fórmula 1 que definitivamente sabe escolher piloto, aí está.
É de impressionar a paciência que o nem sempre paciente diretor da Renault tem com o Piquet Jr. Talvez ele tenha enxergado no novato algo que ninguém foi capaz de visualizar, alguma virtude que supera a inconsistência, o excesso de rodadas e as péssimas classificações, mas que ainda não aflorou.
Flavio nunca fez tantas cobranças sobre o brasileiro diante da imprensa. Kovalainen sofreu mais pelos disparates do italiano do que Nelsinho, embora tenha mostrado a que veio em menos tempo. Alguns dirão que é medo da resposta do Nelson pai, que tem a língua ainda mais afiada que a dele. Faz sentido, mas isso não é sério...
Como cada piloto é tão bom quanto sua última corrida, vale a pena aliviar as críticas e esperar as etapas seguintes para avaliar uma possível evolução em termos de consistência e, quem sabe, em rendimento no qualifying. É difícil esperar bons resultados, já que a Renault é uma das equipes que menos promete pacote revolucionário a curto prazo. Mas se o garoto tiver herdado os genes certos, ele ainda vai emplacar, como espera o Briatore. Do contrário, os Piquet terão de apostar no promissor menino Pedro para limpar o nome da família.

6 comentários:

Rodrigo Neto disse...

Uma frase assim vinda de um sujeito chamado Flavio Briatore ganha um proporção imensurável. Porque se tem alguém na Fórmula 1 que definitivamente sabe escolher piloto, aí está.Frase Perfeita ! Torço para que ele esteja certo sobre o Nelsinho tb !

Felipão disse...

As pessoas só ouvem aquilo que julgam necessárias e apagam o resto, mesmo que aquilo seja o que realmente vale a pena. Não sei se o Piquet se salva não...

Anônimo disse...

A paciência do Briatore com o Nelsinho é justificável. O cara carrega um dos sobrenomes mais gloriosos e lendários da história da Fórmula-1, e isso não é pouco. Além disso, Piquet Pai correu sob a batuta de Briatore nos tempos de Benetton, e sua participação foi substancial para o upgrade que a equipe teve na virada da década de 80 para o início da década de 90.

Mas vc abordou um ponto crucial: quando andou na frente, Nelsinho foi realmente bem. O que não entendo muito bem são as estratégias extremamente conservadoras que ele utiliza na classificação, por que creio que se ele andar com a mesma quantidade de gasolina no tanque que o Alonso anda, seu desempenho não será tão ruim e ele passará com mais frequência ao Q3.

Consequentemente, passando ao Q3, largando com o KERS e defendendo posição como ele defende - talvez sua maior virtude como piloto - o garoto vai apresentar melhores resultados.

E olha que eu sou um dos maiores críticos do Nelsinho...

Ron Groo disse...

Briattore deve ter pesado duas coisas:
1) - O peso que a influencia do sobrenome Piquet pode exercer sobre patrocinadores, caso a Renault lhe de as costas e ele precise correr atrás.

2) Uma visão no futuro. Como ele pode fechar as portas para o Clã Piquet se ainda a esperanças que um dia Pedro, o caçula ainda salve a honra do tri campeão?

Thiago Guadalupe disse...

Felipe, parabéns pelo blog!

Peço sua licença para linkar o blog e publicar alguns de seus posts em nosso blog - com referencia claro!

Abraço!

Blog No ninho da coruja - http://noninhodacoruja.blogspot.com

Bruno disse...

Eu já estava na campanha que o Nelsinho deveria aparecer bem mais nas classificações, colocar pouco combustível e largar lá na frente...para isso tem que passar do Q1.
Falta trabalhar as voltas rápidas, com o carro com pouco combustível.
Abraço.