quinta-feira, 19 de março de 2009

O erro do ano

O novo modo de se definir o campeão foi muito mal visto por fãs e jornalistas especializados. As pessoas que vivenciam o ambiente da Fórmula 1 também receberam a notícia com desgosto. Trulli deu a declaração mais sintética: "Parece que a F-1 quer morrer".
Flavio Briatore parece ter sido o único maluco a aprovar a idéia, além de Bernie Ecclestone, claro. Os presidentes da FOM e da FIA podem até discutir entre si em algumas ocasiões, mas não passam de farinha do mesmo saco.
Incrível como criaturas tão inteligentes partem do equivocado princípio: piloto não passa porque não quer.
Por mais que o regulamento valorize a regularidade, os competidores têm um desejo em comum, que é a vitória. Para alcançar o nível de piloto de F-1, no mínimo o cidadão deve odiar perder. Portanto, se a ultrapassagem não se concretiza, é graças a uma indesejável turbulência lançada sob a asa dianteira, que quase arremeça o indivíduo pela tangente. Dentre muitos outros fatores.
Se o problema fosse humano, então como explicar o duelo vale-tudo entre Hamilton e Raikkonen na Bélgica? Ora espalhava, ora cortava curva, ora rodava, ora colocava de lado, ora fechava... Tudo isso em função de um fator milagreiro: a chuva.
A categoria precisa apenas fazer seu próprio milagre, uma tranformação técnica que a liberte das tempestades e permita o ganho de posição devido às características do carro. Era justamente o que estava sendo realizado pela FIA nesta temporada, com a introdução do KERS, o retorno dos slicks e a reformulação aerodinâmica.
Ecclestone e Mosley pensam que o segundo colocado não buscava a vitória porque arriscar-se por dois pontos não valeria a pena. Diante disso, creio que agora devessem desenvolver um argumento que nos levasse a identificar alguma razão para o terceiro colocado brigar para ser segundo, se os dois pontos de diferença não terão mais a menor importância na disputa pelo Mundial. Ou explicar por que motivo o quarto colocado atacaria o terceiro para faturar um único pontinho simbólico.
Ao nos conduzirmos pela mentalidade da Federação, concluiremos que, em breve, teremos o fim das ultrapassagens por vontade própria dos pilotos. Isso evidentemente mostra a grande falácia na qual os velhotes se envolveram.
Alguém deveria esclarecer para eles: ultrapassagem não é querer, é poder.
A FIA estava indo pelo caminho certo ao revolucionar as regras - mesmo sem saber se funcionariam como o esperado -, mas a duas semanas da nova temporada resolveu jogar água no próprio chopp. Para o Mundial de pilotos, a zona de pontuação tem uma vaga só. Os outros sete lugares são de faixada, só servirão para os times menores se animarem.
Quando constatadas as chances mínimas de vitória, a ordem será para poupar equipamento. Piloto de ponta largando dos boxes nem se fala... Correrá sem muita pressa para cumprir tabela.
Quanto mais penso sobre o assunto, pior fica o esboço da situação. Como não vale a pena enumerar todas as chatas consequências que a lógica nos traz, melhor encerrar o post por aqui, sem ainda saber se existe ponto positivo na infeliz medida adotada.
Fechemos, então, com a triste porém brilhante frase de Ivan Capelli: "Na Fórmula 1 de Max Mosley, o pole position não é o mais rápido e quem tem mais pontos não é o campeão mundial".

4 comentários:

Anônimo disse...

Imagine a cena:

A Ferrari com folga no mundial de construtores e Massa e Raikkonen duelando com Hamilton pelo título do Mundial. Em determinada corrida, Hamilton segue tranquilamente para a vitória. Massa e Raikkonen não tem chances de vencer. De repente a ordem vem dos boxes. Recolher o carro para poupar equipamento (motor). Então mostra o dois carros da Ferrari entrando no pit e estacionando, abandonando a corrida.

Legal, não?

Marcos Antonio disse...

é Vamos ter que aturar isso,né? Eu só vou aprovar isso que a Williams vencer 6 seguidas...ai serei o cara mais hipócrita do mundo!rs

Ron Groo disse...

"Ultrapassagem não é querer, é poder" - Sintético, só ultrapassa quem pode e quem ultrapassa tem o poder de nos fazer vibrar.
Trulli disse a frase mais forte até agora. Começo a simpatizar com ele.

Anônimo disse...

Felipe, estou atrasada mas quero te dar parabéns pelo dois anos de blog!!!

Que venham muitos mais!!hehehe

Bjinhos das meninas do Octeto!!

Tati