quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Pizza de novo!

Estamos diante do último suspiro da Ferrari antes da decisão final. O caso da espionagem foi repassado para a Corte das Apelações, mas já me arrisco a dizer que uma nova pizza vem aí.
Conclusão tirada após ler a carta que Ron Dennis enviou ao presidente da comissão de automobilismo italiano, Luigi Macaluso. O chefe da McLaren também aproveitou para publicá-la no site de sua equipe. Para ver palavra por palavra do britânico, eis o link.
Dennis expôs o ponto de vista da McLaren sobre o caso; fez acusações à Ferrari; desmentiu algumas crenças equivocadas; elogiou a atitude de Nigel Stepney, de certa forma; esclareceu o episódio do assoalho; e muito mais.
Quem fez um ótimo resumo da carta foi o jornalista e blogueiro Bernardo Bercht. Clique aqui para ler. Recomendadíssimo.
Aqui, vou tentar ser ainda mais sucinto sobre tudo o que foi dito pelo chefão.
Sobre o assoalho, Ron admitiu que a informação foi obtida através de Stepney, e a McLaren optou por denunciar o aparato ilegal da Ferrari sem divulgar o nome do funcionário que havia revelado a fraude.
Segue um trecho da tradução do Bernardo sobre as palavras de Ron Dennis: "Stepney agiu de boa fé, já que nenhum time pode esperar que seus profissionais fiquem quietos ao perceberem que os empregadores estão infringindo as normas do esporte. Não é do interesse da F1 que eles fiquem impedidos de revelar atividades ilícitas sob o risco de serem descobertos por seus empregadores".
Coughlan recebeu ordens para cortar qualquer contato com Stepney, e a McLaren acreditava que ele havia acatado suas ordens, até o dia em que foi o dossiê foi descoberto na casa do projetista.
Dennis também atacou com razão a escuderia rival, alegando que ela anda "confundindo a opinião pública ao misturar o evento da denúncia do assoalho ilegal com a aquisição ilegal do dossiê por Coughlan". Isso é verdade, e muita gente já caiu nessa.
Uma parte muito importante da carta diz respeito ao Conselho da FIA. Todos acreditavam que a Ferrari não havia participado do evento, apenas assistido. Mentira! A escuderia italiana distribuiu 118 páginas durante a sessão, e ainda tinha palavra aberta tanto para o seu advogado quanto para Jean Todt.
Bernardo traduziu a declaração esclarecedora de Ron Dennis: "Não consigo entender as bases para a Ferrari alegar que não teve a oportunidade de apresentar o seu caso. Isso foi feito de ambas as formas, escrita e oral!".
Ora, se o confronto já se deu no Conselho, por que na Corte das Apelações o resultado seria diferente?
"A razão para a McLaren não receber penalização do Conselho Mundial de Automobilismo é por ele concluir corretamente que a equipe não pode ser responsabilizada pela conduta do Sr. Coughlan. Essa decisão foi tomada com base em fatos sólidos e não rumores falsos. A reputação da McLaren sofreu um duro golpe pelas reportagens incorretas da imprensa italiana e as declarações engandoras da Ferrari", afirmou Ron Dennis.
Agora meu pitaco para a decisão da Corte no final do mês.
A Ferrari vai lá para proferir seu discurso moralista, segundo o qual um escândalo desse nível não pode ficar impune, pois mancharia a imagem da Fórmula 1, porque é inadmissível uma equipe ter a posse de tantas informações de um outro time e bla-bla-bla...
Já a McLaren tem a vantagem das evidências e bons argumentos para se defender. Não se pode provar que ela tenha usado as informações da Ferrari em seu favor. Além disso, Mike Coughlan não era responsável pelo desenho do carro, nem pelo seu desempenho. Sua função estava mais ligada ao controle de qualidade e durabilidade das peças desenhadas por Patrick Lowe, que, até onde se sabe, não teve nenhum contato com o dossiê.
Convenhamos: ninguém vai punir a equipe inteira só porque um único funcionário obteve documentos secretos da rival. Se ele o fez, que ele pague sozinho. Até agora, não há nenhum indício de que o time inglês tenha se beneficiado na prática com o roubo. E se até lá nada for provado, vai dar pizza de novo. Não tenha dúvidas.

1 comentários:

Blog F1 Grand Prix disse...

Não acho que vão mudar o veredito. Mas, ao menos, o caso vai ser um pouco mais estudado e debatido. Era o mínimo...