Dobradinha da McLaren em Monza

A McLaren fez a dobradinha na casa da Ferrari, com o domínio absoluto de Fernando Alonso e a astúcia de Lewis Hamilton para superar a respeitável estratégia de Kimi Raikkonen, que quase minimizou a festa da equipe.

O inglês da McLaren, já sabendo da sujeirada no lado par do grid, alinhou para a largada com o carro virado para a esquerda. Quando as luzes vermelhas se apagaram, Lewis espremeu Felipe Massa contra a grama, mas o brasileiro não se intimidou, continuou pisando fundo e assumiu a segunda colocação. Ao se aproximar da primeira curva, Hamilton veio por fora enquanto Massa era barrado por Alonso à sua frente. Com mais espaço, o britânico arriscou a ultrapassagem, chegou a tocar sua roda traseira com a dianteira esquerda do ferrarista, depois espalhou, cortou caminho e recuperou a posição de largada. Não houve punição porque foi sem intenção, ele só passou reto pela chicane em virtude do leve choque que veio a ocorrer, e que felizmente não danificou o carro de ninguém.

Heidfeld, que largou na parte suja, foi ultrapassado definitivamente por Raikkonen, perdendo, assim, a quarta colocação.

Na segunda volta, David Coulthard abandonou após tocar na traseira da Renault de Giancarlo Fisichella. Com a pressão do ar, a asa danificada foi empurrada para baixo de seu RB3, quebrando a direção e provocando a forte batida na Curva Grande, que acaretou a entrada do Safety Car.

Ainda antes da décima volta, Massa entrou nos boxes quando ninguém esperava. A equipe trocou pneus, reabasteceu e o brasileiro voltou à pista, realizando, aparentemente, uma mudança de estratégia. Mas as aparências enganam. Felipe se reencaminhou lentamente para o pit lane e entrou na garagem para abandonar a prova. Ainda não foi esclarecido o problema na parte traseira de seu F2007, mas suspeita-se de que um infeliz ataque à zebra teria causado a quebra.

Nico Rosberg e Jenson Button protagonizaram um longo duelo durante a corrida. O alemão estava nitidamente mais rápido e foi necessário realizar uma bela manobra para cima do inglês para conseguir passar. Na disputa da freada após o reta ds boxes, Nico mostrou todo o seu arrojo ao arriscar pelo lado de fora, mas não foi suficiente. Lado a lado, ambos rivalizaram até a chicane seguinte, onde a ultrapassagem foi concluída, já que Button não pudia mais se sustentar. Mais tarde, porém, Rosberg seria superado na pista por Robert Kubica, depois da parada de boxes do polonês.

O pit stop da BMW foi um grande desastre. O macaco não entrou da forma correta, tentaram ganhar tempo suspendendo o carro com a mão, não ajudou muito, novamente mexeram no macaco, o bólito caía para o lado, faltava um pneu para ser colocado, quando conseguiram colocar, o bendito do macaco não queria soltar, estava preso ali por baixo, até que finalmente tiraram e o Kubica foi devolvido à pista, com alguns segundos de atraso, diga-se. Confusão das bravas...

Com a estratégia de uma parada só, Kimi Raikkonen ameaçou a liderança das McLarens, mas Alonso conseguiu voltar de seu segundo pit stop na frente. Quanto ao Hamilton, não se pode dizer o mesmo. E aí pintou o brilhantismo do inglês.

Raikkonen era 2º e Hamilton o 3º. O finlandês se aproximava da curva 1 com uma pequena folga para o piloto da McLaren, no entanto, Lewis fez o improvável, arriscou uma inesperada ultrapassagem, no estilo dos tempos antigos, como bem observou o Galvão. O líder do campeonato atrasou a freada, arremeçou o carro pela parte de dentro, travou os freios, escorregou de lado, deu um chega pra lá no Kimi e controlou no braço. Uma manobra espetacular, talvez a ultrapassagem mais incrível do ano, pela ousadia de fazer o que fez e do jeito que fez, coisa que hoje em dia ninguém mais ousa fazer. Absolutamente sensacional.

Em menos de 1h20min, Alonso confirmou o favoritismo, praticamente liderando de ponta a ponta, Hamilton foi 2º, Raikkonen completou o pódio. Heidfeld ficou com a 4ª colocação, seguido pelo companheiro Robert Kubica e pela Williams do Rosberg.

Kovalainen foi o 7º, superando o parceiro da Renault durante todo o fim de semana. Mas quem merece um grande destaque realmente é o Jenson Button. Andou bem no treino e marcou mais um pontinho para a Honda, num ano de muitas dificuldades para a equipe japonesa. Enquanto isso, Rubinho terminou em 10º e segue sem pontuar na temporada.

Mark Webber ficou com o lugar dos bobos, nono colocado. Jarno Trulli, 11º, fecha o grupo dos pilotos que não levaram volta. Em 12º terminou seu conterrâneo Giancarlo Fisichella, à frente do também veterano Alex Wurz. Anthony Davidson pareceu satisfeitíssimo ao completar a corrida na frente de Ralf Schumacher, coisa que Takuma Sato não conseguiu. Atrás do japonês, as Toro Rosso e as Spyker chegaram na ordem de sempre: Liuzzi-Vettel-Sutil-Yamamoto.

O campeonato apertou na lá na ponta, apenas 3 pontinhos separam Alonso de Hamilton. A 18 pontos da liderança encontra-se Kimi Raikkonen, agora com 5 de vantagem para Felipe Massa, agora praticamente fora da disputa pelo título. O brasileiro deve lutar apenas para superar seu companheiro neste ano, a menos que o julgamento de quinta-feira elimina os pilotos da McLaren do campeonato, o que não deve acontecer. No evento que acontecerá três dias antes do GP da Bélgica, espera-se que o escândalo da espionagem seja esclarecido, porque os nervos já não aguantam mais. O Ron Dennis que o diga, não é por acaso que o chefão chorou na festa do pódio em Monza. São tempos difíceis para a escuderia inglesa, que é acusada de graves falcatruas, coisa que o Ron abomina e não admite por nada deste mundo.