Vai que é tua, Galvão!

Ao contrário do que geralmente ocorre, o narrador não começou o fim de semana fazendo feio. Temos que reconhecer que Galvão resumiu muito bem a polêmica envolvendo Ferrari e McLaren, mas era justamente quando o assunto estava chegando perto do fim que ele inventou uma bobagem pra dizer.

O locutor vira-se para o Burti e solta a inteligente pergunta: "Quando você olhava para o Nigel Stepney, você via um chefe dos mecânicos, um James Bond ou um ladrão de quinta categoria?" O comentarista evidentemente se esquivou da indagação e tratou de responder outra coisa.

Até agora ninguém sabe ao certo quantas fotos apareciam nos carros da Red Bull. No Sportv falava-se em 40 mil; na Internet, 30 mil; e a voz da Globo escolheu outro número: "Aí tem 20 mil fotos em cada carro". Façam suas apostas, quem aí leva fé nas palavras do Galvão?

Comentando sobre a nacionalidade de Nico Rosberg, o narrador passava a informação certa e da forma correta, mas por alguma razão resolveu fazer uma espécie de contra-correção, assassinando, assim, a concordância: "Ele é filho de mãe alemã... Ele é filho de mãe alemão". Que trapalhada! Não levem nada disso a sério, senão chegaremos à conclusão de que Keke não é o pai do Nico, que por sua vez foi criado por um casal de lésbicas. Um absurdo isso...

Naquele momento que ele ficou tentando descobrir o jogador que estava nos boxes, ficou até difícil de copiar, de tanto que encheu nossos ouvidos descrevendo o cara, e o Reginaldo ali fingindo que entendia de futebol mas também não lembrava, coitado. "Estava vendo aquele jogador italiano, bom jogador, jogou na Itália..." e que mais num-sei-o-quê, e que mais num-sei-o-quê-lá. Acabou pedindo arrego: "Me ajuda aí, Carlos Gil!", e o Carlos Gil tava esse tempo todo com o nome do sujeito na ponta da língua, deve ter feito mistério pra sacanear o Galvão, só pode.

Essa é no melhor estilo Galvão. Após a primeira - e penúltima - rodada de voltas rápidas da super pole, Massa virou melhor que o Raikkonen. E dá-lhe ufanismo: "Na hora de acelerar mesmo, na hora do pé pesado, na hora de, em 1min20, respirar 3 vezes, Felipe anda mais que o Kimi!" Pronto, só foi falar e as posições se inverteram na sequência. Ninguém merece.

Conversando com Jorge Pezzolo antes de publicar o post, o amigo lembrou de duas pérolas galvanianas que faltaram em minha lista. A primeira aconteceu no qualifying, quando o trio globuloso afirmava que o Rubinho teria vencido naquela pista em 2004, com uma ultrapassagem sobre Hakkinen no final. Na verdade, foi em 2003, passando o Kimi Raikkonen. Mas tirando isso, a informação estava perfeita.

Depois que a pole já estava assegurada, o locutor faz sua última graça do treino: "Tá aí Anthony Davids... Antony Hamilton, o pai de Lewis Hamilton".

No domingo ele começou mais cedo. Após a volta dos comerciais, aparecia o gráfico do grid, porém ele já estava descendo para mostrar a segunda parte da classificação. E lá vem o cidadão:

"Bem, amigos da Rede Globo! Voltamos em definitivo. Você vai acompanhando aí as principais posições". "Principais"? Quais? Décimo, décimo primeiro, décimo segundo, décimo terceiro...? Sem querer desmerecer quem largou por aí, é claro.

Também tivemos um pequeno deslize quantos aos números: "Pra quem não acompanhou o treino ontem, o carro da RBR tem 200... 20 mil fotos". Esse erro é perdoável, diga-se. Afinal, vem coisa muito pior pela frente.

Quando o Massa passava pela curva 1, um convicto Galvão afirmou: "Aí é muito perigoso. Foi onde Schumacher quebrou a perna". [Pausa para lamentações] Só faltava essa, querer quebrar a perna do Schumacher em outro lugar.

A segunda frase captada pelo blogueiro Pezzolo foi um espetáculo. "Quando chove, só tem um jeito de permanecer na pista. Você anda no mais claro... ou mais no escuro? Não! É mais no claro. Das duas, uma. A diferença está na tonalidade, ou uma ou outra". Sábias palavras.

Antes da primeira parada de boxes: "Embora, Raikkonen! Ataca de qualquer jeito, bota por dentro!". Deu a louca no Galvão! O cara tá torcendo a favor do Kimi e contra o Hamilton! Vai entender...

O Massa saía dos boxes, Kubica e uma Williams passaram sua frente e lá atrás vinha Nick Heidfeld. O narrador global fala de forma tristonha que as duas BMWs se posicionaram na frente do Felipe. Quando percebe o erro, ao invés de admiti-lo, tenta justificar através de cômicas palavras: "Isso foi, digamos assim, uma falha visual". Sandálias da humildade pra ele!

Já criticaram o Galvão de várias formas, mas tem coisa que ninguém jamais desconfiou. Enquanto o polonês da BMW segurava o Massa nas voltas finais, saiu a dupla frase metrossexual do narrador: "Que belo piloto, esse Kubitça! Que belo piloto, esse Kubitça!" Ô... Belíssimo... Um verdadeiro galã de Hollywood.

E as ironias pra cima da transmissão? "A geração é da FOM, e a FOM é inglesa. E aí vem o inglês e o escocês. E a briga pegando lá na frente. E aí vem o inglês e o escocês. E o Felipe Massa brigando lá na frente. E aí vem o inglês e o escocês". Graaaaaande Galvãããããão!

Fim de corrida. Hora de ver como ficou a classificação, mas vê se fala devagar pra não se atrapalhar, hein.

"Hamilton setenta pontos Alonso cinquenta e oito Heidfeld cinquenta e dois Massa cinquenta e um". Eu disse pra falar devagar...

Acho que todos estavam torcendo para a corrida acabar logo, ninguém aguentava mais aquele negócio de passar replay, e passar o replay do replay... Mas antes de fazê-lo, o locutor ainda informou: "São 4 voltas com 14 ultrapassagens. Pode não ser o numero exato mas que é perto disso, é".

E pra terminar, o Galvão tem um recadinho pra te dar: "Pra você que tá acostumado a ver futebol na quarta, vê na terça; e pra você que tá acostumado a ver 'A diarista' na terça, vê na quarta. Tudo bem? Fechado? Valeu".