Nove dedos na taça

Lewis Hamilton desbancou seus rivais e cravou a pole sem dar a menor chance aos seus adversários. Fernando Alonso, que precisa terminar à frente do inglês a qualquer custo se quiser levar a disputa até o Brasil, não passou de um modesto 4º lugar no grid.

Derrotado com o resultado do treino, o espanhol joga a toalha e diz que a temporada terminou com a absolvição de Lewis: "Não estou mais pensando neste campeonato, ele foi decidido fora da pista".

Entre a dupla da McLaren, aparece a da Ferrari. Kimi Raikkonen havia liderado todas as sessões, mostrando que vinha forte para esta etapa. Nos milésimos ou nos centésimos, o finlandês suparava seus adversários, até que na segunda parte do qualifying imprimiu um ritmo fortíssimo e colocou décimos e mais décimos de vantagem sobre os demais. Quando já figurava como o principal candidato à pole, eis que surge um insuperável Hamilton que crava uma volta 0.136s mais rápida que a do ferrarista, jogando-o para segundo no grid.

Felipe Massa bem que tentou, mas não teve vácuo que desse jeito. O brasileiro abre a segunda fila na corrida em que a Ferrari liberou a disputa entre seus pilotos, até porque não vale a pena escolher primeiro piloto se não for para vencer o campeonato. A matemática ainda permite, mas sabemos que o Kimi não conquista este mundial nem por decreto.

Atrás do G4 vieram as surpresas. David Coulthard e Ralf Schumacher, que, uma vez na vida e outra na morte superam seus companheiros na classificação, surpreenderam neste sábado ao alinharem em 5º e 6º, respectivamente. A Red Bull vem andando muito bem em Xangai, não é por acaso que Mark Webber terminou como o 7º melhor da sessão. Jarno Trulli, porém, reclamou de perda constante de aderência do seu TF107 e ameaça largar com o carro reserva amanhã. Sem conseguir ingressar na super pole como de costume, decepcionou ao terminar em 13º.

Mais decepcionante ainda foi o desempenho do também assíduo Nico Rosberg. O alemão passou longe do Q3 ao chegar apenas na 16ª posição, dá até para relevar o 19º posto conquistado pelo lento companheiro Alex Wurz. A esperança da Williams certamente será a chuva.

Voltando ao início do grid, temos a dupla da BMW fazendo 8º e 9º com Heidfeld e Kubica, respectivamente. Ao contrário da Red Bull, o carro alemão não parece ter se encontrado na pista chinesa e o mesmo vale para a Renault, só que esta vem numa situação ainda pior.

Flávio Briatore nem se deu ao trabalho de aparecer no circuito e a equipe está sob o comando do engenheiro Pat Symonds. Kovalainen fez o possível, arriscou até errar mas finalizou a sessão na 14ª posição. Mais feio ainda foi o feito do italiano Giancarlo Fisichella, que ficou no Q1 e larga da 18ª colocação. Atrás de quem?

Rubens Barrichello terá mais um fim de semana para esquecer, porque o ano todo também merece ser esquecido. 17º no grid, o brasileiro mais um vez não chegou sequer à segunda parte do qualifying, enquanto Jenson Button, digno de seus aplausos, cravou a 10ª melhor marca e corre sério risco de pontuar no domingo.

A Toro Rosso colocou seus carros em 11º e 12º, na ordem Liuzzi-Vettel. O alemão gosta de chuva, é bom ficar de olho na corrida dele.

Anthony Davidson novamente larga na frente do Sato, e muito à frente. O inglês é 15º no grid, enquanto Takuma, chiando com o desempenho do carro, será o antepenúltimo a alinhar para a largada, pois só conseguiu superar as Spyker de Adrian Sutil e Sakon Yamamoto.

O que será que este domingo nos reserva além do provável título de Lewis Hamilton?

Ralf Schumacher tenta mostrar serviço para convencer alguém que merece ser contratado; Button quer conquistar mais uns pontinhos, mas espera que o Heidfeld não repita a lambança do Japão tirando-lhe as chances já na primeira curva; as Red Bull devem chegar lá na frente pela qualidade seus pilotos sob as condições de água intensa, pois Webber já mostrou em Nurburgring e em Fuji que é sempre candidato ao pódio nas corridas com chuva e Coulthard sabe a importância de ser conservador em tais ocasiões; Vettel pode se sobressair ainda mais, principalmente agora que está mais esperto para não se deixar desconcentrar pela graças dos outros durante as voltas com safety car na pista.

E quanto ao G4? Alonso, evidentemente, deve estar mais pesado que o companheiro. Lewis talvez seja o primeiro do grupo principal a parar. Para levar o troféu na China, basta chegar uma posição atrás de Fernando, o que não parece ser muito difícil, pelo menos a princípio.

Raikkonen pode estar mais leve que o Massa, o que o obriga a reabastecer um pouco antes. Se chegar na frente do Felipe, também tornará impossível a recuperação do brasileiro no campeonato, definindo as terceira e quarta colocações do mundial.

Amanhã pode ser o grande dia! Se o tufão permitir o andamento da corrida, Hamilton tem chances de sobra para colocar o último dedinho na taça e vencer o mundial de pilotos em seu ano de estréia. Vale e muito a pena acordar às 3h da madrugada, porque a história está prestes a passar bem diante dos nossos olhos e certamente ninguém vai querer perder um momento como esse.

Só para terminar: se hoje o Ron Dennis chorou com a pole do Hamilton, no domingo não deve ser diferente. Mas será que Alonso chora também?