domingo, 7 de outubro de 2007

Quando não podia errar...

A corrida tinha tudo para ser histórica, mas o maior erro de Hamilton na carreira jogou a história para o Brasil. O que parecia certo se torna agora duvidoso, porque Alonso e Raikkonen chegam à etapa final com boas chances de levarem o mundial. Correndo em casa, Felipe Massa terá a missão de escoltar seu companheiro.
O GP da China já era tenso antes mesmo de começar. Charles Whiting passeava pelo grid hesitando em permitir a largada, com a chuva que se aproximava. Na volta de apresentação, Hamilton assustou muita gente ao dar uma escapada mas nada que lhe impedisse de se recuperar.
Durante toda a prova, o tufão Krosa não meteu medo em ninguém. No momento da partida, caía um chuva fina e todos usavam pneus intermediários. Hamilton largou bem e manteve a ponta, Alonso contornou a curva 1 por fora, ganhando mais velocidade para enfrentar as Ferraris. Quando havia ultrapassado Felipe Massa, se complicou na curva seguinte, o carro traseirou e o brasileiro tracionou melhor para recuperar sua posição logo em seguida.
O primeiro acidente do GP aconteceu na primeira curva. Ralf Schumacher rodou e perdeu a vantagem de largar na zona de pontuação. Na volta seguinte, Barrichello e Davidson se acharam no fim da reta dos boxes e foram parar na área de escape, mas conseguiram retornar.
Do meio do pelotão para trás, começavam as brigas. Sem rendimento, Heikki Kovalainen sofria em seu R27, recebendo sucessivas ultrapassagens. Quando se formava uma fila indiana atrás do finlandês, R. Schumacher vinha lá de trás num ritmo forte e agressivo, duelando contra tudo e contra todos, até que conseguir passar Heikki e partir para cima de Liuzzi. Mas aí o alemão passou do ponto. Eles se tocaram e Ralf rodou, perdendo várias posições novamente.
Uma das mais belas disputas do domingo foi protagoniazada por Nico Rosberg e os pilotos da Renault. Os três dividiram a primeira curva, onde Fisichella se deu melhor contornando pelo lado de fora. Kovalainen e Rosberg se espalharam para a área de escape.
A pista secava quando teve início a dança dos pit stops. Hamilton parou, reabasteceu e optou por não trocar os pneus. Depois foi a vez do Massa fazer o mesmo, seguido por Raikkonen e Alonso.
Com a chuva indo e a chuva vindo, aumentava-se o número de abandonos. Adrian Sutil bateu contra o guard-rail da curva que antecede a reta dos boxes, no mesmo local em que o Ralf girou para não mais voltar. Enquanto o novato e o experiente deixavam a corrida, Webber e Wurz arriscavam colocar pneus para pista seca, acompanhados por Felipe Massa pouco tempo depois. O resultado, porém, não foi imediato. Quando os pneus começaram a surtir mais efeito, os pilotos do G3 se aproximaram da parada. Foi quando veio o grande momento da etapa chinesa.
Os pneus gastos de Lewis Hamilton o deixaram numa situação completamente desfavorável dentro da pista. Raikkonen se aproximou e atacou o inglês, que se defendeu com unhas e dentes para manter a ponta. Sem demonstrar o menor conservadorismo de alguém que precisa de pouco para se tornar campeão, Lewis se arriscava a cada curva, até escapar e ser obrigado a entregar a liderança para o finlandês. Fernando Alonso também estava mais rápido que o rival, a ponto de descontar 12s em apenas três voltas de corrida. Quando estava prestes a emparelhar, a McLaren se aprontou para receber o inglês num pit stop que não existiu. Sem querer perder tempo, Lewis entrou mais rápido do que deveria no pit lane, principamente sob aquelas condições de instabilidade, e não conseguiu virar para completar a curva. Ele passou reto e atolou na brita, de onde seria impossível sair.
Tomado pela angústia de ver o título escapando de suas mãos, Hamilton voltou aos boxes de cabeça baixa e decepcionado consigo mesmo. O piloto que nunca abandona e poucos erros comete, errou e abandonou a corrida que poderia marcar a maior glória de sua carreira. O mundo viu perplexo o acontecimento do que julgava ser impossível acontecer.
Raikkonen assumiu a liderança e parou na volta seguinte. Alonso fez bom proveito do tempo que ficou a mais na pista e superou Felipe Massa ao retornar do pit stop. Robert Kubica vinha numa boa estratégia mas quebrou assim que assumiu a ponta da corrida.
Nas voltas finais, Nick Heidfeld fez possível e o impossível para tantar ultrapassar Vitantonio Liuzzi, mas o italiano não entregou a posição por nada. Seu companheiro, Sebatian Vettel, que havia largado de 17º, confirmou a expectativa depositada sobre ele e arrasou no GP da China ao cruzar a linha em 4º lugar, comemorando aos berros dentro do cockpit.
Surpreendente também foi o desempenho do inglês Jenson Button. Em alguns momentos da prova, foi capaz de virar volta mais rápida e brigar por posições, mostrando que trouxe a 5ª colocação no braço. Sob chuva, Button salvou a Honda de uma esperada derrota para a equipe B no mundial construtores, pondo em cheque a fama do Barrichello em se superar nas provas aquáticas. O brasileiro terminou 10 posições atrás do companheiro.
Após uma corrida modesta de David Coulthard, o escocês conseguiu herdar a 8ª colocação e somou mais um pontinho. Seu companheiro Mark Webber bem que poderia chegar entre os oito, mas parou duas vezes seguidas por causa da chuva e perdeu a oportunidade. Foi o 10º.
O lugar dos bobos sobrou para Heikki Kovalainen, de longe o piloto mais ultrapassado da prova chinesa. Sofreu, sofreu, sofreu e terminou em 9º. Mesmo assim, superou o companheiro 11º colocado na corrida.
Wurz, Trulli e Sato fizeram 12º, 13º e 14º, respectivamente. Yamamoto chegou em último mas chegou. Logo atrás de Nico Rosberg, num fim de semana desanimador para a Wiliams.
Lá na frente, Raikkonen correu uma barbaridade e encheu a cara no pódio. O que o finlandês não andou no começo do ano, deixou para andar no final. Tem 7 pontos de desvantagem para o Hamilton e chega no Brasil com chances de conquistar o mundial.
Depois de sentar o pau na equipe, sobretudo disparando contra o chefe, Fernando Alonso se recupera na penúltima etapa do campeonato e vem para seu amado circuito de Interlagos devendo 4 pontinhos ao Hamilton.
Como em toda vitória da escuderia italiana, o ferrarista que perde faz a volta mais rápida de consolo. Felipe Massa virava cada vez mais rápido no finzinho e a fastest lap da prova saiu na última volta da corrida.
Raikkonen tem 5 vitórias, contra 4 de Alonso e Hamilton e 3 do Massa. A enlouquecida temporada 2007 será decidida em São Paulo, daqui a duas semanas. O inglês mantém o favoristismo, um segundo lugar basta para levar o troféu para casa. Tanto o espanhol quanto o finlandês dependem de uma combinação de resultados para alcançar o objetivo.
Se tivesse que apostar, jogaria minhas fichas no Lewis. Da mesma forma que o GP da China marcou o último suspiro do Schumacher em 2006, pode ser que aconteça o mesmo com Kimi e Fernando neste ano.
Vendo três pilotos chegarem à última etapa do mundial, é impossível não lembrar do campeonato de 86, quando Prost bateu Piquet e Mansell na prova de encerramento. Será que teremos uma corrida tão emocionante quanto aquela? Haja coração, amigo! Que venha o GP do Brasil, essa corrida promete demais.

4 comentários:

Rogério Magalhães disse...

É, Felipe, não é que no comentário do post do "Hamilton sob investigação" eu meio que cantei a bola do que podia acontecer hoje:

"Prefiro acreditar que a chuva pode fazer o feitiço virar contra o feiticeiro e a sorte que o inglês teve de ver o bebê chorão das Astúrias se estatelar e ficar fora da prova pode lhe deixar na mão em terras chinesas... esse é o barato da chuva na F1 atual..."

Pois é, foi a junção de um parco momento de chuva com a cabacite aguda do Hamilton que acabou com a corrida dele. E quer saber? Achei uma maravilha. Não é pelo Alonso, mas pelo campeonato. Afinal, agora tá tudo aberto aqui no Brasil e até o Kimi Manguaça Man tem boas chances sim, não acho assim tão remoto. Não é difícil o "filhodeis" (como diz o Pai Tião) ganhar em Interlagos, o Massa fazer o papel de escudeiro e o Hamilton cometer outra bobagem. Aí já era, porque o Alonso em terceiro tá morto.

No mais, belíssima prova das duas Toro Rosso, principalmente do Vettel que soube usar muito bem a tática de um único pit. E parabéns também ao Button, que chegou até a ser o "melhor do fundão", como diz nosso amigo Groo. E mandou a bota... quanta diferença para o morto do Rubinho!

Enfim, a chuva é nossa melhor amiga, porque bagunça tudo e torna as corridas melhores.

Pelo menos o bicho vai pegar aqui em Interlagos! Vamos bater o tambor para cair um dilúvio também em São Paulo, até porque estamos precisando de água por aqui, tá feia a coisa por esses dias...

Blog F1 Grand Prix disse...

A decisão será espetacular. Interlagos vai ferver!

Torço pelo Raikkkonen, embora ele quase não tenha mais chances. Hamilton ainda é favorito, mas o Alonso vai para o tudo ou nada agora...

O que aconteceria se os dois pilotos da McLaren ficassem lado a lado numa disputa de posição, hein? Que tentação para o Alonso!

Grande abraço!

Gustavo

Anônimo disse...

Poxa Hamilton, foi errar justo agora! Eu achei q ele teria uma corrida trankila, mas chegou a vez dele errar. Infelizmente, ele naum tomou a decisão de pilotar moderadamente, e deu no q deu...paciência, aprenderá com esse erro
Fora isso, grande corrida do Vettel e do Liuzzi, por quem eu torço muito e espero q naum saia da F-1. Button tb fez otima corrida, pra infelicidade do Rubinho, e Massa perdeu credito por soh ter conseguido tirar proveito do carro no finalzinho da corrida
Agora, vamu lah Hamilton, naum tava torcendo mta pra vc mas eu naum quero q o Alonso e o Raikkonen ganhem o titulo, entaum...

Anônimo disse...

DEpois do erro vou torcer para o Kimmi.

Abraços

Fleetmaster