O fim da McLaren

Calma, não é bem por aí, isso tem tudo para ser apenas mais um boato falso da categoria, por mais escandalosa que seja a história.

Segundo a agência de notícias espanhola EFE, a McLaren estaria estudando a possibilidade de se dissolver e originar duas novas escuderias: Mercedes e Prodrive.

O chefão da equipe, Ron Dennis, passaria a dirigir a Prodrive, para onde levaria o número dois da hierarquia de Woking, Martin Whitmarsh, além de seu pupilo Lewis Hamilton. A Mercedes, portanto, ficaria com Alonso, que teria o compatriota Pedro de la Rosa como segundo piloto.

Mas o conto de fadas não pára por aí, ele vai muito além da resolução dos conflitos entre os pilotos. A mudança agradaria também ao grande patrocinador Santander, que estamparia seu logo na equipe do também espanhol Fernando Alonso e, de quebra, teria o Abbey Bank - de sua propriedade - nos carros da escuderia estreante.

O EFE também destacou que a cisão da McLaren seria benéfica pois anularia a multa de US$ 100 milhões aplicada pelo Conselho Mundial no julgamento do Stepneygate, como se essa multinha fosse fazer alguma diferença para os cofres de Woking. Não vamos nos esquecer que esse valor ainda recebe o tal desconto da premiação, e no fim das contas o graninha não passa de um troco, até o próprio Ron Dennis já fez piada sobre essa questão.

Agora chegamos à parte mais importante da discussão, que diz respeito ao novo Pacto de Concórdia. O tratado que rege os acordos econômicos das equipes definirá o conceito da palavra construtor, o que será a chave para as relações entre os times a partir da próxima temporada.

Em 2007, a Spyker acusou os times rivais, Toro Rosso e Super Aguri, de não serem construtores, pois utilizavam o chassis da Red Bull e da Honda, respectivamente, portanto estas seriam responsáveis pela construção dos bólitos, e não aquelas. Daí em diante, a FIA se empenhou em pôr fim à polêmica liberando o comércio de chassis para o ano seguinte, o que não agradou muita gente. Segundo à agência espanhola, a influente Ferrari não está gostando nem um pouco de ver surgir uma McLaren B tão semelhante à A, e já inicia um frente aliada para combater a nova idéia. BMW, Williams e Spyker apóiam o time de Maranello, discordando da pretenção da FIA.

De todos os absurdos que o EFE publicou, aqui mora um fundo de verdade. Todos esperam que a Prodrive seja a filial da McLaren fazendo uso do carro de 2008 da equipe principal. Se a FIA não conseguir aprovar a compra dos chassis, a escuderia estreante não poderá pontuar. E aí nem valeria a pena colocar o carro na pista.

Quanto à história de que a McLaren deixaria de existir, realmente não dá para acreditar. Mesmo assim eu gostaria de dar os parabéns à agência, porque se o jornalismo não está sendo o seu forte, pelo menos eles mostram que são criativos. É notável como as coisas se encaixam perfeitamente, tudo faz sentido. Mas quando um boato faz muito sentido e de forma muito complexa, fica claro que ele é falso.

Aliás, alguém conseguiria imaginar o Ron Dennis optando por enterrar a McLaren? Ele pode não fazer cara de apaixonado, mas a ama o que construiu com o árduo esfoço de anos e mais anos de trabalho, jamais abriria mão de seu vitorioso projeto, seja lá qual for a razão. Com certeza não será a estréia da Prodrive que vai mudar isso aí.